© Cesar Greco / Ag. Palmeiras / Divulgação
O torcedor que viu o atacante Gabriel Veron em campo pelo Palmeiras nas cinco últimas partidas não imagina quantas pessoas trabalharam nos bastidores do clube nos últimos meses para conseguir recuperar corretamente o jogador de 18 anos. Uma grave lesão na coxa direita sofrida em julho tirou o atleta das atividades por várias semanas e obrigou o Núcleo de Saúde e Performance (NSP) do Palmeiras a fazer um trabalho especial, que consistiu em exames científicos na musculatura do garoto.
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Quem participou ativamente do retorno da maior revelação do elenco foi o coordenador científico do Palmeiras, Daniel Gonçalves. Em entrevista ao Estadão, ele contou que o estiramento muscular sofrido pelo garoto foi grave e exigiu dos profissionais do departamento médico uma das maiores atenções nesta temporada. O cuidado com uma das joias mais preciosas do clube e o zelo em não apressar etapas foram cruciais.
"Não foi uma lesão simples. Foi uma lesão típica de velocista, o que costuma ser mais complicada para se recuperar e exige um tempo mais prolongado de tratamento", disse o coordenador. Uma possível causa para o surgimento do problema muscular foi justamente o longo tempo de inatividade por causa da pandemia. Depois de quatro meses parado, Veron sentiu o problema pouco depois do retorno aos treinos. "Geralmente os velocistas têm uma fibra muscular de contração mais rápida, porém essa fibra fica sujeita a altas tensões. No momento do pique, do arranque, ela pode se romper", explicou.
O jovem de multa rescisória de R$ 377 milhões tem exigido do Palmeiras um cuidado contínuo. Apesar de ter atuado nas últimas partidas, Veron só entrou no segundo tempo delas. Aos poucos, tem sido mais escalado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo. Ainda assim, após retornar da lesão, marcou dois gols. Um deles contra o Corinthians, na Neo Química Arena.
Segundo o coordenador científico do Palmeiras, para se avaliar as lesões ou os problemas dos jogadores, uma equipe numerosa de profissionais se reúne para discutir o caso. Médicos de três diferentes especialidades, fisioterapeutas e preparadores físicos focados em diferentes etapas de recuperação tentam achar caminhos individualizados para a enfermidade e, consequentemente, tratamento e retorno do atleta. Foi assim também Gabriel Veron.
"O caso do Veron foi um dos mais importantes do ano, sem dúvida. Até pelo tempo de inatividade dele, foi uma das lesões mais complexas que tivemos de acompanhar neste ano. Ele ainda tem algumas etapas a cumprir", comentou Gonçalves. "Um dos principais ativos que o clube tem é o Veron. E a gente tem de pensar não só no curto prazo, mas também no futuro. Se apressar a volta, o atleta pode ter outro problema muscular e a sequência de lesões, como todos sabem, pode minar a carreira de um jogador", completou.
Foram cinco diferentes etapas de recuperação para o Palmeiras ter de volta o atacante em campo. Todas bem criteriosas. Segundo site especializado em mercado do futebol Transfermarkt, o jogador é o atleta mais valioso do futebol brasileiro. O valor de mercado dele é estimado em cerca de R$ 160 milhões.
Os cinco diferentes estágios entre a detecção da lesão e o retorno do jogador tiveram trabalhos voltados ao local de lesão. O tecido muscular exigiu tratamento para corrigir alterações e promover o reequilíbrio das fibras. O processo exigiu acompanhamento contínuo em exames de imagem e testes de resistência realizados em equipamentos importados da Europa. Um outro aliado no processo final de recuperação foi um aparelho que acompanha em tempo real o desgaste do atleta a partir do batimento cardíaco. Após ser aprovado nessas verificações, o atacante voltou a treinar com o time.
Além do esforço do Palmeiras no tratamento e recuperação, pesou a favor de Veron ele ter feito um bom trabalho de reforço e desenvolvimento muscular nas categorias de base e a própria dedicação em se submeter a um trabalho longo nos últimos meses. Alimentação, na formação de um atleta, também tem peso. "Veron é bem dedicado e mentalmente desenvolvido, com uma consciência corporal boa para a idade dele. Eu me surpreendi com o quanto ele é concentrado", disse Gonçalves.
ACADEMIA - A reforma feita pelo clube no fim de 2016 criou no CT um espaço batizado de Centro de Excelência. A estrutura deu ao futebol profissional totais condições para tratar e recuperar os atletas no local. O departamento médico cresceu e ganhou equipamentos novos, mais modernos, para conseguir trabalhar nos detalhes a recuperação de seus jogadores. O tempo tem sido um aliado nesse novo modo de operar. Não há tratamento acelerado. Tudo é diagnosticado com exames clínicos e os jogadores machucados ou desgastados são acompanhados de perto.