Senado 'despeja' gabinetes de 4 partidos por prática irregular

A decisão ocorre apó o Estadão mostrar que Davi Alcolumbre contrariava as normas internas ao manter os benefícios.

© null

Política Irregularidades 05/10/20 POR Estadao Conteudo

Após ignorar regras internas por mais de um ano, o Senado decidiu "despejar" os partidos que utilizavam estruturas do Congresso de forma irregular. PSL, PSB, PL e Rede deverão deixar os gabinetes de lideranças e não terão mais funcionários e verbas reservados apenas para legendas com três senadores. A decisão ocorre após reportagem do Estadão mostrar que o presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) contrariava as normas internas ao manter os benefícios.

PUB

 

As bancadas dos partidos diminuíram de tamanho desde o ano passado e ficaram com dois integrantes cada um. Em busca da reeleição para o comando do Senado em 2021, Alcolumbre fez vista grossa às normas, permitindo às siglas o acesso a uma verba de até R$ 250 mil por mês - sem contar o gabinete de cada parlamentar. O caso foi revelado pelo Estadão/Broadcast em dezembro de 2019.

Esses partidos usaram os gabinetes especiais apesar do discurso em prol da transparência e do enxugamento de gastos. O PSL, partido que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, tinha à sua disposição 18 funcionários no Senado para dar suporte a apenas dois senadores. O PSB contratava com dinheiro público 23 assessores para atender a outros dois. O mesmo fazia o PL. O partido tinha 22 servidores para auxiliar uma dupla de parlamentares. Na prática, nenhuma dessas legendas poderia contar com uma estrutura destinada a atender grandes bancadas.

Conforme a reportagem mostrou no mês passado, no entanto, o Senado continuava com as estruturas. A Rede foi a quarta agremiação a perder o direito às verbas, depois que Flávio Arns (PR) migrou para o Podemos. A legenda tem até o fim de ano para devolver gabinetes e servidores - atualmente são 22 funcionários.

Esses partidos também devem perder as prerrogativas de liderança no plenário do Senado, como encaminhar votações em nome do partido e apresentar requerimentos para votações de emendas em projetos de lei.

Na quinta-feira, 1, o Senado começou oficialmente o processo de "despejo". Servidores de PSL, PSB e PL foram remanejados para outros locais, como a Diretoria-Geral do Senado e os gabinetes pessoais dos senadores, ou exonerados, conforme atos publicados no Boletim Administrativo da Casa.

Além das três legendas, Alcolumbre também notificou a Rede para a desmobilização. O partido, porém, ainda não entregou a liderança. O regulamento do Senado determina extinção em um prazo de três meses, que para a sigla acaba em dezembro.

Nos bastidores, líderes desses partidos manifestaram contrariedade com Alcolumbre. O presidente do Senado, por sua vez, deixou claro que não arrastaria mais o problema e que não compraria o desgaste de manter as verbas e os cargos contrariando as regras internas.

O Regulamento Administrativo do Senado determina que as estruturas sejam desmobilizadas, com a perda dos cargos, em um prazo de três meses após o partido diminuir de tamanho. Na prática, porém, a decisão é política.

Em resposta enviada ao Estadão/Broadcast na quinta-feira, 1, o Senado afirmou que o uso da estrutura é uma escolha dos parlamentares. A resposta, porém, ignorou a determinação do regulamento para extinção em 90 dias.

O PSB perdeu o direito à liderança em outubro do ano passado, mas ainda mantinha mais de 20 assessores pagos pelo Senado. Na última quinta, 10 foram movimentados para o gabinete da Diretoria-Geral da Casa e 18 foram exonerados. Com a licença do senador Veneziano Vital do Rêgo (PB), o PSB ficou com apenas a senadora Leila Barros (CF).

O PSL, por sua vez, ficou com apenas dois senadores após o desembarque de Juíza Selma (MT) e Flávio Bolsonaro (RJ). O partido deveria perder o gabinete até março de 2020, o que não ocorreu. Dos 18 servidores que ainda estavam no gabinete da liderança, cinco já foram nomeados em outros gabinetes e 12 foram demitidos.

A situação do PL era ainda mais inusitada. A sigla tem dois senadores desde o início da legislatura, em 2019. Mesmo assim, contava com um gabinete de liderança à disposição da bancada. Entre os assessores do partido, 11 foram movimentados para outras estruturas e nove foram exonerados.

Procurados, das liderança de PSL e PL informaram que os gabinetes foram destituídas conforme as regras do Senado. A Rede informou que não terá mais a liderança a partir de 15 de dezembro, conforme o prazo do regulamento. O PSB não comentou.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

economia Dinheiro Há 9 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

mundo Estados Unidos Há 9 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Patrick Swayze Há 22 Horas

Atriz relembra cena de sexo com Patrick Swayze: "Ele estava bêbado"

brasil Tragédia Há 2 Horas

Sobe para 14 o número desaparecidos após queda de ponte

brasil Tragédia Há 9 Horas

Vereador gravou vídeo na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira pouco antes de desabamento

tech Aplicativo Há 8 Horas

WhatsApp abandona celulares Android antigos no dia 1 de janeiro

fama Emergência Médica Há 10 Horas

Gusttavo Lima permanece internado e sem previsão de alta, diz assessoria

fama Condenados Há 17 Horas

Famosos que estão na prisão (alguns em prisão perpétua)

brasil Tragédia Há 9 Horas

Mãe de dono da aeronave que caiu em Gramado morreu em acidente com avião da família há 14 anos

fama 80s Há 19 Horas

Os casais mais icônicos dos anos 1980