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A tartaruga Sada, uma das cinco espécies existentes em São Tomé e Príncipe, pode desaparecer "em menos de cinco anos", correndo também "um sério risco de extinção" outras quatro espécies, disse à Lusa Sara Vieira, bióloga marinha.
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"Os dados não são nada otimistas. Pelo menos a tartaruga Sada, a mais ameaçada em São Tomé e Príncipe vai desaparecer em menos de cinco anos. Acho que já é tarde" para tentar frear a sua extinção, disse. São Tomé e Príncipe era até ao ano passado um dos poucos países do mundo sem uma lei de proteção de tartarugas marinhas. Em 2014, foi aprovado pelo Governo o decreto-lei nº 6/2014 sobre a captura e comercialização de tartarugas marinhas. Mesmo assim, esta espécie continua a ser ameaçada.
As praias, sobretudo das comunidades de Morro Peixe e Micoló, no norte de São Tomé, e Santana e Porto Alegre, no sul, são onde existe maior atividade de captura. "Já foi uma grande vitória ter aprovado uma lei, mas só isso não basta, é preciso fiscalizar porque é um problema realmente muito grande. Não são somente quatro ou cinco pessoas que capturam tartarugas marinhas, são centenas de pessoas que dependem desta atividade como meio de subsistência", explicou Sara Vieira.
A bióloga defendeu um "maior compromisso" do Governo para ajudar a encontrar alternativas económicas para essas pessoas, porque caso contrário "essa captura nunca vai acabar". Na sua opinião, o compromisso deve passar por um plano de recuperação dessas tartarugas, fiscalização policial, guardas costeiras e câmeras distritais contra as pessoas que capturam as tartarugas e também envolvimento da própria população em uma ampla campanha de sensibilização na proteção desses animais.
No ano passado, só foram vistos 15 ninhos da tartaruga Sada em São Tomé e cerca de 50 na ilha do Príncipe, disse Sara Vieira, sublinhando a sua importância para o arquipélago e a nível mundial: "São Tomé e Príncipe acolhe a última população reprodutora viável de toda a costa oeste-africana". Existem sete espécies de tartarugas marinhas no mundo e quatro delas se reproduzem em São Tomé e Príncipe.
"Neste momento, estamos no pico da temporada da desova que decorre entre novembro e fevereiro. Nesse período em que temos mais tartarugas nas praias é também o período em que mais acontecem as capturas, porque as pessoas conhecem o seu ciclo de vida, as suas áreas de alimentação, acasalamento e desova", disse.