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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, o líder de movimentos de moradia Guilherme Boulos rebateu ataques do adversário Márcio França (PSB) em sua participação na sabatina Folha/UOL, nesta quarta-feira (4), e disse acreditar na ida de um nome de esquerda ao segundo turno na capital.
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Um dia antes, também na sabatina, o ex-governador criticou o postulante do PSOL, com quem está tecnicamente empatado em terceiro lugar no Datafolha. Ele sugeriu que a inexperiência de Boulos pode gerar "problemas contábeis" no governo e reavivou o embate de ambos sobre violência contra a mulher.
Na ocasião, França também disse se considerar progressista e negou ter afinidade com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), depois de ter ido ao encontro dele em agosto em um evento no litoral do estado.
Nesta quarta, Boulos repetiu que o postulante do PSB não tem posição clara e questionou sua ideologia. "Ele foi vice do [Geraldo] Alckmin, correu atrás do [Jair] Bolsonaro, começou a dizer que é progressista de novo. Não pode existir esquerda de ocasião, esquerda de conveniência", disse.
"Eu vi ele ontem [terça-feira] me atacando o tempo inteiro aqui", reclamou, afirmando que "o cara [deve] estar desesperado por não ter as intenções de voto que queria". Boulos tem 14% e França, 10%, na mais recente pesquisa Datafolha.
O candidato do PSOL disse que a tradição de um nome da esquerda chegar ao segundo turno na capital deve se manter neste ano e propagandeou que a sua candidatura é a que tem mais condições de derrotar o candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), e o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos).
Os dois, que hoje ocupam as primeiras posições nas pesquisas, têm como padrinhos, respectivamente, o governador João Doria (PSDB) e Bolsonaro.
"A esquerda na história da cidade sempre ou ganhou a eleição ou ficou em segundo lugar. Eu acho que caminha para isso novamente, caminha para que a gente possa construir uma virada na reta final", afirmou Boulos.
"Nossa candidatura tem se mostrado a que tem melhores condições de combater essa tragédia do 'BolsoDoria', de evitar uma dobradinha de tucanos e o candidato do Bolsonaro no segundo turno."
Boulos manteve a posição de não agressão em relação ao candidato do PT, Jilmar Tatto, com quem disputa espaço na esquerda. Questionado sobre a possibilidade de união dos dois partidos, disse que sempre trabalhou em nome do entendimento e foi cordial ao falar do petista.
Segundo ele, não há conversas para que Tatto (com 4% de intenções de voto, segundo o Datafolha) abra mão da candidatura e o apoie com o objetivo de evitar um segundo turno entre Covas e Russomanno.
"Nós estamos abertos a todas as formas de diálogo, de conversa, para construir unidade", disse, citando momentos em que esteve do mesmo lado do PT, como na resistência ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Meus adversários nessa campanha são muito claros. Não é o Jilmar Tatto, não são outros que se colocam no campo da esquerda. Meus adversários são o que a gente tem chamado de 'BolsoDoria', que é quem representa o atraso na cidade de São Paulo", acrescentou.
Ele também incluiu no grupo França, descrevendo-o como o "candidato do Alckmin" -embora o ex-governador tucano esteja apoiando oficialmente o nome de seu partido, Covas.
Para Boulos, o PSDB governa "de costas para a periferia", "só para os Jardins" e "não governa para o Itaim Paulista". Já Russomanno foi definido por ele como representante de um projeto de autoritarismo que poderia se enraizar também na cidade de São Paulo.
Boulos é coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da Frente Povo sem Medo. Foi candidato à Presidência da República pelo PSOL em 2018, mas não passou ao segundo turno.
A Folha, em parceria com o UOL, também sabatina nesta quarta-feira (4) Benedita da Silva, candidata pelo PT à Prefeitura do Rio de Janeiro, às 15h.
Ela é servidora pública, auxiliar de enfermagem e assistente social. Foi a 59ª governadora do Rio de Janeiro e atualmente é deputada federal. Também é ativista política do movimento negro e feminista.
As entrevistas podem ser acompanhadas no site do UOL e da Folha e também nas redes sociais Facebook e YouTube.