© Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 4, que a adoção do teto de gastos no Brasil foi positiva. Sem o teto, segundo ele, o País não teria "a menor possibilidade de fazer os gastos que fizemos" durante a pandemia. "O teto não só não atrapalhou como permitiu ao Brasil gastar mais", defendeu.
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Conforme Campos Neto, isso é justificado pelo fato de que os agentes econômicos, com o teto de gastos, esperam que o governo retorne para a trajetória de equilíbrio fiscal. "A falta de credibilidade faz com que tenha desorganização de preços, que atrapalha o crescimento lá na frente", pontuou.
Campos Neto afirmou ainda que existe um "ponto de inflexão" no qual o País não consegue mais gastar. "Existe uma luz vermelha acesa, dizendo: 'você precisa voltar para a disciplina fiscal'", afirmou.
Campos Neto participou nesta noite de entrevista ao canal virtual "Me Poupe!".
Nove meses emocionantes
Ele afirmou que os últimos nove meses, em função da pandemia do novo coronavírus, foram "emocionantes". "Houve momentos de tensão", afirmou, em relação ao enfrentamento da crise.
"O aprendizado na pandemia foi muito grande, porque passamos a usar instrumentos que não existiam", pontuou Campos Neto. Segundo ele, uma das consequências também foi a antecipação de projetos na área de tecnologia, como o do PIX - o sistema de pagamentos instantâneos, que estreia para o grande público em 16 de novembro. "Com a pandemia, decidimos acelerar ainda mais o PIX. Entendemos que a recuperação da crise se daria pela tecnologia", afirmou.
Campos Neto afirmou ainda que o lançamento do PIX não tem nenhuma relação com eventual retorno da CPMF - imposto que incide sobre transações financeiras e que eventualmente é citado como alternativa pelo governo de Jair Bolsonaro. "A CPMF, se existir, vai incidir sobre todas as transações, e não somente o PIX", disse. Campos Neto participou nesta noite de entrevista ao canal virtual "Me Poupe!".
Inflação
Para Campos Neto, existe a percepção atualmente de que inflação de curto prazo está subindo. De acordo com ele, porém, o movimento é temporário. "A meta do BC é de estabilidade de preços. A inflação é a meta principal", lembrou.
Pix
Roberto Campos afirmou que "ainda é cedo" para saber se o lançamento do PIX - o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos - representará o fim do mercado de maquininhas de cartão. "O mercado de pagamentos é enorme. É cedo para falar", afirmou.
Ele afirmou que a preocupação do BC é que haja mais competição no mercado.