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Roberto Colin, de 62 anos, embaixador do Brasil em Pyongyang há quatro anos, contou que ficou sabendo dos testes nucleares realizados hoje pelo regime de Kim Jong-un pela televisão.
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De acordo com o embaixador, os norte-coreanos comemoraram o sucesso dos testes assistindo, em telões no centro da capital, ao anúncio feito pelo ditador. "Ouvi daqui da embaixada os alto-falantes transmitindo notícias e palavras de ordem, exultantes", disse o diplomata, que é o único brasileiro no país.
Pouco tempo depois, a agência oficial de notícias do país divulgou uma nota, relatando o sucesso dos testes e destacando que o acontecimento ficará registrado em "local especial" na história do país. A reação positiva da população foi transmitida na televisão, confirmando o apoio da população ao programa nuclear norte-coreano.
Durante todo o dia, o embaixador Colin conversou com representantes diplomáticos no país (são apenas 24 embaixadas em Pyongyang), e confirmou que a comunidade local foi surpreendida pela notícia: o programa nuclear sequer foi mencionado no discurso de Ano-Novo do líder norte-coreano, informa a Folha de S. Paulo.
Segundo ele, Kim Jong-un pode ter ordenado os testes hoje em comemoração de seu aniversário, na próxima sexta (8); ou por conta do recente estremecimento das relações da Coreia do Norte com a China e a Coreia do Sul; ou numa tentativa de pressionar os Estados Unidos a fazer um acordo de paz com o país.
"Tudo é sempre coreografado neste país, nada é por acaso. Às vezes falam que [os comandantes da Coreia do Norte] são imprevisíveis, irracionais. Não é nada disso, são extremamente profissionais. O que não quer dizer que não cometam avaliações erradas", comentou o diplomata.