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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O silêncio do presidente Jair Bolsonaro, que ainda não parabenizou Joe Biden nem comentou a vitória do democrata nos EUA, tem sido notícia na imprensa internacional nos últimos dias.
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Veículos como CNN, BBC e Reuters voltaram a chamar Bolsonaro de "Trump dos trópicos" e lembraram de pontos que aproximam os dois presidentes, como a postura populista e a gestão errática na pandemia. A torcida do líder brasileiro por Trump e as críticas a Biden em meio à campanha também foram citadas.
A mídia estrangeira citou Bolsonaro ao lado dos líderes Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China), Recep Erdogan (Turquia) e Andrés López Obrador (México), que também não felicitaram Biden até o momento.
Obrador, por exemplo, disse que vai esperar a Justiça americana responder aos questionamentos de Donald Trump, que diz ter havido fraudes no pleito, ainda que não tenha apresentado provas que sustentem as declarações.
Tanto Bolsonaro quanto o Itamaraty não haviam se manifestado oficialmente até a publicação desta reportagem. Nesta segunda, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), por sua vez, disse que o presidente brasileiro cumprimentará quem ganhar a eleição "na hora certa".
Já no sábado (7), as agências de notícias destacaram a postura do líder brasileiro. "Lula saúda vitória de Biden enquanto Bolsonaro guarda silêncio", titulou a agência de notícias AFP, que chamou o brasileiro de "ultradireitista" e disse que seu silêncio não passou despercebido. A Reuters publicou, no sábado, a reportagem "Em live, Bolsonaro fala sobre Amapá, eleições municipais, mas não de Biden".
Também no sábado, dia do anúncio da vitória democrata, o New York Times usou uma foto de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, para ilustrar a nota "Líderes latino-americanos reagem à vitória de Biden". Maia disse que o resultado "restaura os valores da genuína democracia liberal".
Nesta segunda, o jornal americano voltou a escrever que Bolsonaro ainda não cumprimentou Biden, e o citou ao lado do príncipe saudita Mohammed Bin Salman, que tampouco se pronunciou.
A CNN americana fez um comparativo. "Como Trump, Bolsonaro fez campanha e governa com base em polarização, gerando controvérsias ao dar declarações misóginas, racistas e homofóbicas. Ele também tem repetidamente minimizado a pandemia, mesmo o Brasil tendo sofrido um dos surtos mais mortais do mundo", afirma reportagem da emissora.
A também americana NBC classificou Bolsonaro como "populista de extrema direita". A emissora lembrou ainda que o presidente brasileiro chamou de "desastrosos" os comentários de Biden de que o Brasil poderia sofrer consequências se não parasse o desmatamento da Amazônia.
Para a britânica BBC, a posição de Bolsonaro "não é surpresa". Também acrescenta que ele teve rusgas recentes com o presidente eleito, citando a resposta no episódio da Amazônia.
A agência de notícias Associated Press deu título para a demora no reconhecimento pelos líderes de México e Brasil e lembrou dos filhos de Bolsonaro, que deram declarações nas redes a favor de Trump, enquanto o pai permanece calado.
"Seu filho [Eduardo] usou boné com o logo 'Trump 2020'", lembrou a Associated Press, em reportagem reproduzida pelo South China Morning Post e por outros meios.
"O deputado Eduardo Bolsonaro postou imagens em redes sociais questionando como os votos de Biden subiram tão rápido na reta final da contagem, enquanto os de Trump, não", diz a reportagem.