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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, referiu-se nesta quinta-feira (7) aos invasores do Congresso americano como "cidadãos de bem" e sugeriu que é preciso "investigar se houve participação de elementos infiltrados" no episódio registrado em Washington na quarta (6).
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Centenas de apoiadores do presidente Donald Trump, insuflados pelo republicano, marcharam rumo ao Capitólio, sede do Legislativo dos EUA, e invadiram o edifício, num tumulto que teve conflito com agentes de segurança e que resultou em quatro mortes.
O alvo dos manifestantes era a sessão conjunta do Congresso para certificar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições de novembro, quando o atual líder americano foi derrotado.
Ernesto abriu sua mensagem no Twitter lamentando e condenando a invasão e em seguida publicou declarações que mostram simpatia ao grupo pró-Trump que entrou no Capitólio, ao afirmar que é preciso reconhecer que grande parte do povo americano se sente "agredida e traída por sua classe política e desconfia do processo eleitoral".
Assim, ele faz eco às declarações de Bolsonaro, que na quarta-feira disse ter notícias de que houve muita fraude no pleito que culminou com a derrota de Trump. Não há provas da existência de irregularidades, e a campanha do republicano já foi derrotada em mais de 60 ações judiciais que questionavam a legitimidade das eleições.
"Há que distinguir 'processo eleitoral' e 'democracia'. Duvidar da idoneidade de um processo eleitoral não significa rejeitar a democracia. Ao contrário, uma democracia saudável requer, como condição essencial, a confiança da população na idoneidade do processo eleitoral", continuou Ernesto.
Em outro trecho, o chanceler afirma que é preciso parar de chamar de "'fascistas' a cidadãos de bem quando se manifestam contra elementos do sistema político ou integrantes das instituições".
"Deslegitimar o povo na rua e nas redes só serve para manter estruturas de poder não democráticas e seus circuitos de interesse", acrescentou o ministro.
Ele concluiu a mensagem reafirmando que "nada justifica uma invasão como a ocorrida ontem", mas fez outra ressalva: "Nada justifica, numa democracia, o desrespeito ao povo por parte das instituições ou daqueles que as controlam".
"O direito do povo de exigir o bom funcionamento de suas instituições é sagrado. Que os fatos de ontem em Washington não sirvam de pretexto, nos EUA ou em qualquer país, para colocar qualquer instituição acima do escrutínio popular", escreveu.