© Shutterstock
Depois de um ano difícil por causa da pandemia de covid-19, que gerou impacto negativo no orçamento de milhares de famílias brasileiras, a virada para 2021 traz esperançade que tempos melhores virão. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil mostram que é possível colocar a vida financeira em ordem e passar do vermelho para o azul, de modo ateruma vida financeira saudável.
PUB
Para o diretor de Operações da Simplic, João Figueira, a resposta para essa questão é o planejamento, que em um momento de pandemia não é algo fácil, principalmente porque os brasileiros não costumamterdisciplina no controle do que ganham e gastam. Segundo Figueira, isso não é algo tão complexo de ser feito, já que há ferramentas online, até mesmo as planilhas do Excel.
Leia Também: Montadoras criticam governos após encerrar 2020 com retomada em V
"Na parte dos gastos, habitualmente as pessoas começam pelas despesas fixas que são mais fáceis de controlar, como água, eletricidade, aluguel, transporte. O que vemos as pessoas falharem é não colocar aquelas despesas que não acontecem de forma recorrente, como o IPTU e IPVA, que vêm agora em janeiro".
Figueira destaca que é preciso estar atento ao dia de vencimento das despesas, ou seja, é preciso que essa data esteja de acordo com o dia em que se costumatero rendimento. "É muito comum ver pessoas que recebem no último dia do mês e colocam suas despesas com vencimento para o dia 20, por exemplo. O problema é que você está tendo a despesa dez dias antes detero rendimento, e aí dez dias de juros são pagos sem necessidade", diz.
Leia Também: O que os CEOs aprenderam com a pandemia e o que esperam de 2021
Ele ressaltaque oprimeiro passo é conhecer bem a dívida, verificando nos órgãos de proteção ao crédito e falando direto com os credores, sejam bancos, cartões de crédito ou lojas onde tenham sido feitas compras parceladas, para renegociar, prática comum no mercado e que é benéfica para as duas partes.
"Ligar e perguntar quanto você está devendo e, mais do que isso, entender o detalhe dessa divida: quanto você estava devendo originalmente e quanto contabilizou de juros posteriormente. Saber essa diferença é importante porque permite fazer uma renegociação bem-sucedida. É precisoteruma conversa franca com o credor para adequar o pagamento ao seu planejamento", afirmou.
A criadora do Finanças Femininas, Carol Sandler, completou que é preciso fazer uma autoanálise das finanças, usando como base as faturas e extratos dos últimos três meses, olhando linha por linha e separando o que é essencial e o que são pagamentos de parcelas de dívidas e também o dinheiro que eventualmente conseguiu guardar. A partir disso, basta analisar as proporções do que é gasto com cada categoria e comparar com o que seria o ideal.
"Se a pessoa está endividada, existe uma proporção ideal para isso, que é 50% para bancar os essenciais, 20% os supérfluos e 30%o pagamento das parcelas das dívidas.Para quem não está endividado, a proporção muda para 50% para os essenciais, 30% para supérfluos e 20% para guardar todo mês.Não dá para sonhar com atingir o mundo ideal do dia para a noite, mas é importante fazer esse exercício para ver qual é a sua realidade financeira agora ecomeçar a entender o que é preciso fazer", explicou.
Para quem está muito endividado, a dica é listar todas as dívidas e verificar se o gasto com elas é muito maior do que os 30% ideais. Se isso ocorre, o melhor é fazer a renegociação, mostrando que o percentual da renda mensal comprometida é maior do que o possível e, assim, insustentável. "A partir daí, deve-se questionar o credor sobre a melhor negociação possível para ficar com uma dívida capaz de ser paga. O que o credor mais quer ver é sua intenção de pagar a dívida".
Carol lembrou que ao olhar os juros é fácil perceber quais são as dívidas que devem ser pagar primeiro. Geralmente são as de cartão de crédito e cheque especial, porque são as mais caras, com juros maiores. "Sempre priorizamos o que tem os juros maiores, porque são as dívidas que crescem mais rápido e que acabam se tornando as mais caras. Em alguns casos, se a taxa de juros de um empréstimo for mais baixa do que a da dívida, vale a pena pegar o empréstimo para pagar a dívida".
Outro detalhe a observar para manter as contas no azul são as tentações que aparecem a todo tempo e que levam ao consumo desnecessário. Segundo Carol, o maior vilão do endividamento é o cartão de crédito, que dá a falsa ideia de que que temos dinheiro sobrando. "Essa dívida é baseada na desorganização, no descontrole, no impulso. Então, o que eu sugiro é que a pessoa, pare e olhe como ela está gastando esse dinheiro, porque fazendo esse exercício de ver quanto se gasta com supérfluos, é possívelidentificaronde há um problema".
Ela ensina ainda truques como antes de fazer qualquer compra por impulso, tirar dez minutos para pensar em outra coisa, mudando o foco, fazendo outra atividade. Depois desses dez minutos, analisar se ainda se lembra do que estava prestes a comprar. Outra ideia é anotar todos os impulsos que tem, sempre que der vontade de comprar alguma coisa, para depois analisar se há dinheiro para comprar aquilo ou não.
"O que eu vejo é que os impulsos vêm e nem sempre eles correspondem ao desejo real da pessoa. Você compra uma coisa pela internet e quando chega, a pessoa nem lembrava que havia pedido aquilo e acaba ficando largado em casa. Às vezes, só dar distância para controlar o impulso, ver se realmente quer aquele produto, já pode impactar muito", afirmou.
Outra dica é desfazer a inscrição eme-mailsmarketing de lojas nas quais se costuma comprar, parar de seguir marcas nas redes sociais, além de influenciadores que fazem com que se gaste mais, e assim criar um ambiente onde não fiquetão exposto a desejos de consumo.