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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em meio à polêmica sobre a exclusão de contas vinculadas a Donald Trump de plataformas digitais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lamentou nesta terça-feira (12) o que chamou de "censura às mídias sociais".
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"Minha adorada imprensa, vocês nunca tiveram tanta liberdade como em meu governo. Nunca se ouviu falar em meu governo em controle social da mídia ou democratização da mesma", disse o presidente, durante cerimônia no Palácio do Planalto em celebração dos 160 anos da Caixa Econômica Federal.
"Vocês têm liberdade demais, de sobra. Eu lamento o fechamento, a censura às mídias sociais. Elas não concorrem com vocês, não. Uma estimula a outra".
Bolsonaro é um crítico da imprensa profissional e já se referiu a meios de comunicação como canalhas e mentirosos.
Ele não citou Trump em seu discurso, mas sua condenação à "censura" das mídias sociais ocorre em meio a um intenso debate sobre a decisão de empresas de tecnologia de restringir o alcance de contas associadas ao líder americano.
A ação das empresas ocorreu após Trump ter incitado, em 6 de janeiro, uma multidão a marchar rumo ao Congresso americano em Washington sob a alegação -sem provas- de que as eleições americanos foram fraudadas.
Os manifestantes invadiram o Legislativo americano, num tumulto que teve confronto com agentes de segurança e resultou em cinco mortes. Integrantes do Partido Democrata, que voltará ao poder com a posse de Joe Biden na Casa Branca em 20 de janeiro, tratam o episódio como uma tentativa de insurreição, razão pela qual defendem um segundo processo de impeachment contra Trump.
Na semana passada, por exemplo, o Twitter baniu de modo permanente a conta de Trump na rede social. O argumento usado pela companhia é que o perfil apresentava risco de "mais incitação à violência". Outras plataformas seguiram o mesmo caminho. O Facebook suspendeu o republicano de sua rede até pelo menos a posse de Biden.
A ação das gigantes de mídias sociais gerou fortes queixas de grupos conservadores, entre eles apoiadores de Bolsonaro.
Filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) trocou sua imagem de perfil no Twitter por uma fotografia do republicano em protesto ao que classificou de ato autoritário da rede social.
Após a invasão do Congresso americano, o presidente Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, deram declarações simpáticas a Trump e a seus apoiadores. Bolsonaro disse que é "ligado a Trump" e que houve "muita denúncia de fraude" no pleito americano. Também afirmou que "vamos ter problema pior que os Estados Unidos" se o Brasil não instituir o voto impresso para 2022.
Ernesto, por sua vez, publicou mensagens no Twitter nas quais condenava o ato, mas dizia que é necessário "reconhecer que grande parte do povo americano se sente agredida e traída por sua classe política e desconfia do processo eleitoral". O chanceler ainda se referiu aos vândalos como "cidadãos de bem" e sugeriu "investigar se houve participação de elementos infiltrados" no episódio.
A suspensão de Trump das redes sociais é polêmica e gerou questionamentos até mesmo de críticos do republicano.
A chanceler alemã, Angela Merkel, manifestou por exemplo preocupação com a decisão do Twitter e disse que ela era "problemática". Um porta-voz da líder alemã ressaltou que o direito à liberdade de opinião é de "importância fundamental".