© Agência Brasil / Antonio Cruz
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Deputados do PSOL protagonizaram briga pública nas redes sociais nesta sexta-feira (22). Luiza Erundina (SP) criticou colegas que vêm defendendo que o partido apoie o candidato Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara. A deputada será a representante do PSOL no pleito.
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Ela classificou a atuação do grupo como adesão ao "fisiologismo e à barganha por cargos na Mesa Diretora", "prática dos partidos de direita".
Fernanda Melchionna (PSOL-RS) rebateu e disse que a publicação de Erundina era "muito feia".
"Muito feio que a senhora ataque quem não acha a tática correta lançar candidato nesse cenário da eleição da Câmara. Mesmo que sua posição tenha vencido e o PSOL tenha lançado seu nome, isso não lhe autorizada a atacar o PSOL", respondeu.
"Todos nós temos história. O fato da senhora ter rompido com o PT para ser ministra de Itamar [Franco] nos anos 1990 não autoriza ninguém a lhe acusar de fazer a política baseada em busca de cargos. Da mesma forma respeite quem no PSOL defendeu que desde o primeiro [momento] um voto tático antibolsonaro", completou.
Pouco depois, outros deputados se juntaram a Melchionna.
"Recorrer a este tipo de ilação absolutamente infundada é lamentável. Erundina tem uma história bonita, mas já se equivocou grosseiramente algumas vezes. Já foi ministra de governo burguês (Itamar) e já teve como vice ninguém menos que Michel Temer", disse David Miranda (RJ).
"Sabemos que ela não fez isso por cargos; foram erros políticos, como erra agora com a tática isolacionista de candidatura própria. Vamos manter a calma e fazer o debate em alto nível. Por esse caminho, a candidatura de uma companheira tão importante vai mal", continuou.
"Respeito muito a história de Luiza Erundina, apesar de discordar do lançamento da sua candidatura à presidência da Câmara. Mas é inaceitável insinuar que a defesa da entrada do PSOL no bloco democrático para derrotar Bolsonaro passa pela negociação de cargos. Isso não é verdade", escreveu Marcelo Freixo (RJ).
"O fato é que a entrada do PSOL na coalizão junto com os demais partidos de esquerda daria maioria ao bloco e impediria que a Comissão de Constituição e Justiça e o Conselho de Ética, por exemplo, ficassem nas mãos de aliados de Bolsonaro.
Importante dizer que esses cargos não ficariam com o PSOL e nem Erundina teria necessariamente que retirar a sua candidatura, porque o partido pode entrar no bloco e mesmo assim lançar candidato. O momento exige maturidade e responsabilidade. É isso que o Brasil espera de nós", completou.
"Respeito Erundina, mas são inaceitáveis as insinuações que ela faz. Não podemos titubear no combate ao bolsonarismo. O PSOL não negocia suas convicções, pelo contrário: reafirmamos os nossos princípios ao defendermos o voto tático antibolsonaro desde o primeiro turno", disse Vivi Reis (PA).
"Respeito a Erundina. Mas ela erra em tornar uma divergência tática numa acusação grave ao partido. Já questionei quem está negociando e quais são os cargos. Não obtive resposta. Nem obterei, pois a posição divergente é fruto de análise política, não de fisiologismo", afirmou Sâmia Bomfim (SP), líder do partido na Câmara.
A diferença no modo de enxergar o posicionamento do PSOL na disputa pela presidência da Câmara está na raiz do desentendimento.
Grupo composto por David Miranda (RJ), Sâmia Bomfim (SP), Marcelo Freixo (RJ), Vivi Reis (PA) e Fernanda Melchionna (RS) tem defendido apoio a Rossi para se contrapor a Arthur Lira (PP-AL), candidato de Jair Bolsonaro.
Os outros cinco membros da bancada defenderam a candidatura própria e venceram, com apoio da direção nacional do PSOL. Apoiada por Ivan Valente (SP), Glauber Braga (RJ), Talíria Perone (RJ) e Áurea Carolina (MG), Luiza Erundina tornou-se candidata.Guilherme Boulos vinha agindo para tentar evitar que o partido rachasse diante da divergência.