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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira (25) que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, cometeu crime ao defender o tratamento precoce e por ter rejeitado as tentativas da Pfizer de oferecer mais vacinas ao país.
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Maia concedeu entrevista na tarde desta segunda, dois dias após o procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitar ao STF (Supremo Tribunal Federal) abertura de inquérito para apurar a conduta de Pazuello no colapso da saúde pública em Manaus.
Na coletiva, o presidente da Câmara defendeu a abertura de uma CPI da Saúde e criticou a gestão do general na pasta. "Nossa prerrogativa do impedimento de um ministro é só conectada ao presidente da República, mas em relação ao ministro eu não tenho dúvida nenhuma de que tem crime", disse. "Pelo menos o ministro da saúde já cometeu crime, eu não tenho dúvida nenhuma."
Maia acusou Pazuello de irresponsabilidade na defesa do tratamento precoce da Covid-19, com a divulgação de medicamentos que não têm eficácia comprovada contra a doença, e citou o episódio envolvendo a farmacêutica. O deputado também fez críticas ao fato de o ministro não ter se aliado ao Instituto Butantan para acelerar a produção da Coronavac, parceria com o laboratório chinês Sinovac.
"Tudo isso caracteriza um crime e a PGR já está investigando", afirmou.
"Se o ministério da Saúde não respondeu à Pfizer é crime. Crime contra a população brasileira. Qual o nome técnico eu não sei, eu não sou advogado. Mas de não ter respondido a pfizer, ter tratado de forma irrelevante o alerta da Pfizer, pra mim é crime", disse.
Segundo o deputado, a CPI poderia esclarecer as responsabilidades envolvendo a recusa à oferta da farmacêutica, questão que afirmou ser a "mais grave de todas, num momento onde a segunda onda vem com muito mais força, é mais letal, mais pessoas precisam de UTI."
Maia avaliou que as justificativas de Pazuello não foram razoáveis. "É crime. Porque poderíamos estar usando a vacina da Pfizer também como poderíamos estar usando a da Moderna e não estamos usando porque o governo durante muito tempo, até semana passada, também se negava a conversar com a Embaixada da China, com a China", criticou.
No sábado (23), o governo afirmou que recusou a oferta da Pfizer argumentando que um acordo com a empresa "causaria frustração em todos os brasileiros".
O motivo seria o fato de que empresa, que desenvolveu uma vacina em conjunto com a BioNTech, previa entrega de 2 milhões de doses no primeiro trimestre, "número considerado insuficiente pelo Brasil."
O total, porém, é o exatamente o mesmo que foi importado da vacina de Oxford pela Fiocruz na sexta-feira (22), em meio a celebrações do Ministério da Saúde.
Para a pasta, porém, as doses da Pfizer "seriam mais uma conquista de marketing, branding e growth para a produtora de vacina, como já vem acontecendo em outros países".
"Já para o Brasil, causaria frustração em todos os brasileiros, pois teríamos, com poucas doses, que escolher, num país continental com mais de 212 milhões de habitantes, quem seriam os eleitos a receberem a vacina", informa a nota, divulgada tanto pelo ministério quanto pelo Palácio do Planalto.