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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou nesta quarta-feira (27) a interferência do Palácio do Planalto na eleição para a Presidência da Casa e afirmou que essa intervenção vai deixar sequelas para os lados envolvidos na disputa.
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Maia concedeu entrevista coletiva após fracassar a primeira tentativa de reunião da mesa diretora para definir detalhes da votação da próxima segunda-feira (1°). O presidente encerrou o encontro poucos minutos após o horário programado, 17h, por falta de quórum.
Uma nova reunião foi marcada e Maia delegou ao vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), a decisão, junto com a Secretaria Geral da Mesa, sobre o horário da votação -inicialmente, o presidente queria que a eleição ocorresse às 22h. Nesta quarta, a oposição ia propor que fosse realizada às 18h.
Irritado, Maia lamentou a interferência do Planalto na disputa da Câmara. "É um alerta aos deputados e deputadas que a intenção do presidente é transformar o Parlamento num anexo do Palácio do Planalto, o que enfraquece o mandato de cada deputado e cada deputada e, principalmente, o protagonismo da Câmara dos Deputados nos debates com a sociedade."
O presidente da Câmara reconheceu que se excedeu em conversa com o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.
"Eu já mandei o recado pedindo desculpas pelo meu excesso. Mas acredito que essa interferência do governo no Parlamento é uma interferência que terá sequelas de qualquer lado, porque a execução do Orçamento precisa ter o mínimo de organização e compromisso republicano, democrático", afirmou.
O presidente da Câmara estimou que o Executivo tenha prometido cerca de R$ 20 bilhões em emendas extraorçamentárias para tentar assegurar apoio a Arthur Lira (PP-AL).
"Pela conta que eu fiz e pelo Orçamento que nós teremos para 2021, pelo que eu já vi que o governo está prometendo junto com seu candidato, vai dar pelo menos uns R$ 20 bilhões de emendas extraorçamentárias", disse. "Eu quero saber em que Orçamento para o ano de 2021, com todo problema do teto de gastos, que eles poderão cumprir, se vitoriosos, essa promessa."
"A cada dia que passa, as pessoas vão vendo que vão acabar sendo enganadas nesse 'toma lá, dá cá'", afirmou. "Vai ser muito difícil tudo que eles prometeram eles conseguiram encaixar dentro do Orçamento primário."
Em meio ao racha no DEM, Maia assegurou que o partido vai ficar no bloco de seu candidato, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP). O bloco de Lira assegura que cerca de 20 correligionários de Maia votarão no nome escolhido por Bolsonaro, mas aliados do presidente da Câmara afirmam que a defecção no partido é menor.
"Existem divergências, como certamente existem em todos os partidos, mesmo nos partidos da base, onde os deputados divergem, mas não falam, com medo de represálias, de pressão, de ameaças", disse Maia.
Lira se reuniu na tarde desta quarta com parte da bancada do PSL, partido que inicialmente aderiu ao bloco de Baleia Rossi, mas que, após lista assinada por deputados alinhados ao presidente Jair Bolsonaro, migrou para o grupo do líder do Centrão.
Segundo Maia, caso mais algum partido entre para seu bloco, dará o direito de escolher primeiro um cargo na mesa diretora. "E quem no nosso bloco faria a primeira escolha se não for o PSL, é o PT. Então se o PT escolher a primeira vice, na tese de o PSL ficar no bloco do governo, caberá ao PT a primeira escolha", disse. "É o que eu acho que pode acontecer se o PSL mantiver a posição de hoje em relação aos blocos."
A expectativa de aliados de Lira, no entanto, também é de conseguir a adesão de mais partidos nos próximos dias. Ao deixar a reunião com o candidato de Bolsonaro, o deputado Vitor Hugo (PSL-GO), ex-líder do governo na Câmara, afirmou que o bloco ainda está em expansão.
"A gente tem a perspectiva de que vai crescer. E aí, como se leva em consideração o tamanho dos partidos, isso pode mudar. Mas a perspectiva é que seja respeitada a proporcionalidade dos partidos e, com isso, a definição das posições na mesa."
Segundo Vitor Hugo, o grupo tratou com Lira de posse e porte de armas, educação domiciliar e mineração em terras indígenas. "Ele não falou especificamente de uma pauta. Ele falou que não haverá dificuldade de se tratar nenhuma pauta na Câmara dos Deputados, porque é uma Câmara plural".