A história de Pureza: da luta contra o trabalho escravo ao cinema

O diretor Renato Barbieri diz que o filme levou 12 anos para ficar pronto. Ele, que trabalha há décadas com temas ligados à escravidão, conheceu os detalhes dessa busca por meio de um amigo fotógrafo, e se inspirou na coragem de dona Pureza para contar a história

© Reprodução- Facebook

Cultura Renato Barbieri 29/01/21 POR Agência Brasil

Pureza Lopes Loyola éumatrabalhadora ruralque, depois de ficar sem notícias do filho, em 1993, vendeu tudo o que tinha no Maranhão e saiu em uma jornada de três anos à procura dele. No trajeto se deparou com trabalhadores vítimas de maus-tratos e em situação semelhante à escravidão.

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O reencontro de mãe e filho aconteceu três anos depoisno Pará, quando ele conseguiu fugir de uma fazendada região.

A saga dessa maranhense foi parar nocinema. O diretor Renato Barbieri diz que o filme levou 12 anos para ficar pronto. Ele, que trabalha há décadas com temas ligados à escravidão, conheceu os detalhes dessa busca por meio de um amigo fotógrafo, e se inspirou na coragem de dona Pureza para contar a história.

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Dona PurezarecebeuumPrêmio Internacionalcontra a EscravidãodaAntiSlavery InternationalAward,a organização não governamental (ONG)mais antiga e respeitadado mundo nessa temática.

A trajetória dessa mulher a transformou em um ícone na luta contra a exploração e os maus-tratos a trabalhadores. Aqui no Brasil, ela teve um papel importante para que o país passasse a reconhecer, em 1995, a existência do trabalho escravo moderno. Foi quando começaram os resgates, explica o diretor Renato Barbieri.

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Isso pode explicar também por que muitos trabalhadores brasileiros têm dificuldade em reconhecer o trabalho escravo moderno. Na avaliação de Renato, nascemos dentro de uma mentalidade escravagista, que acompanha o brasileiro há séculos e acaba normatizando a escravidão.

Ochamadotrabalhoescravocontemporâneoécaracterizado em quatro situações: condições degradantes de trabalho, jornada exaustiva, trabalho forçado e a servidão por dívida, diz o procurador Italvar Medina, vice-coordenador nacional de Erradicação doTrabalhoEscravoe Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.

Segundo Medina, quando os trabalhadores são resgatados, o vínculo trabalhista é encerrado com direito a todas as verbas rescisórias. Se não houver acordo com o empregador, o caso vai para a Justiça, a fim de quea vítima receba o que tem direito.

O empregador que explora otrabalhoescravofica sujeito amulta e responde a ação civil por danos morais eação criminal no Ministério Público Federal, além de entrar para a lista suja do trabalho escravo.

Denúncia contratrabalhosemelhanteàescravidãopode ser feita por meio do Disque 100, pelo site mpt.mp.brou ainda presencialmente nas procuradorias do Ministério Público ou nas superintendências.

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