© Ueslei Marcelino/Reuters - Imagem ilustrativa
A decisão da Mesa Diretora da Câmara de exigir a presença dos 513 deputados em Brasília para escolher o próximo presidente da Casa, nesta segunda-feira, tem causado aflição em parlamentares de esquerda. E não apenas pela possibilidade de aglomerações. Os espaços onde cada um terá de registrar o voto já ganhou um apelido da oposição ao governo Jair Bolsonaro: "cabine da covid".
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Serão usadas 21 dessas cabines espalhadas por dois salões do prédio principal da Câmara. Para garantir o sigilo do voto, o espaço, com 1 metro de profundidade e 90 centímetros de largura, é fechado por três paredes de madeira e uma cortina.
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"Aquilo ali é um absurdo sanitário. Você não pode, nesse momento, colocar uma fila de deputados em um espaço fechado. Você entra em uma cabine fechada, pode espirrar e tossir e, em seguida, entra outro", afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que é médica. "Não tem ventilação, o ar não vai circular ali", disse a líder do partido, Perpétua Almeida (AC), ao ver a instalação das cabines no Salão Verde.
Em anos anteriores, quando não havia pandemia, a eleição da Câmara foi concentrada dentro do plenário da Casa, com cabines espalhadas nas laterais do espaço. Desta vez, serão 18 delas no Salão Verde, e outras três no Salão Nobre: estas reservadas para parlamentares pertencentes aos grupos de risco, como idosos e portadores de comorbidades.
Derrota
O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estima que cerca de 3 mil pessoas, entre funcionários e parlamentares, devem transitar pela Câmara no dia da votação. Ele defendia uma votação mista, presencial e virtual, para preservar pelo menos os parlamentares do grupo de risco, mas foi derrotado na votação em que a Mesa Diretora decidiu sobre o tema. O placar foi de 4 a 3.
"Assim sendo, estamos organizando da melhor forma possível para que a gente garanta o máximo de distanciamento entre os parlamentares e servidores e a imprensa no dia 1.º de fevereiro", disse Maia.