Para saber se centrão é fiel, Planalto avalia mudar ministros a conta-gotas

O primeiro é o risco de sofrer traições em votações de projetos, já que hoje a ocupação de espaços não está vinculada diretamente à pauta governista

© Getty Images

Política GOVERNO-MINISTÉRIOS 04/02/21 POR Folhapress

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com a vitória de dois aliados para comandar o Senado e a Câmara, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discute agora fazer uma reforma ministerial a conta-gotas para testar a fidelidade dos partidos do centrão à pauta governista.

PUB

O presidente ouviu de ministros que participam da articulação politica que, neste primeiro momento, a abertura de espaço amplo para a base aliada na Esplanada dos Ministérios pode ter efeitos indesejados no futuro.

O primeiro é o risco de sofrer traições em votações de projetos, já que hoje a ocupação de espaços não está vinculada diretamente à pauta governista. Para evitar surpresas negativas, a estratégia defendida é que o presidente só entregue os cargos prometidos após a aprovação de propostas prioritárias.

O segundo é a possibilidade de que um pagamento integral da fatura estimule os partidos do centrão a exigirem mais espaço no primeiro e no segundo escalões em um futuro próximo, obrigando o presidente a entregar mais cargos do que o pretendido inicialmente.

Contra efeitos colaterais em médio prazo, a ideia é, neste primeiro momento, nomear indicados dos partidos aliados em apenas duas pastas: Cidadania e Desenvolvimento Regional. A primeira seria usada para fazer um aceno à Câmara, e a segunda, uma sinalização ao Senado.

Na segunda-feira (1º), Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Arthur Lira (PP-PI) venceram com grande vantagem seus adversários no Senado e na Câmara, respectivamente, após intervenção do Palácio do Planalto, que ofereceu emendas e cargos.

Apesar das vitórias expressivas, o Planalto ainda não sabe o tamanho real de sua nova base aliada, já que os 302 votos recebidos por Lira e os 57 que elegeram Pacheco não são, necessariamente, de parlamentares bolsonaristas.

Para abrir espaço na pasta da Cidadania, como o jornal Folha de S.Paulo noticiou em janeiro, a ideia é transferir o ministro Onyx Lorenzoni (DEM) para a Secretaria-Geral, desde o início do ano sem ministro efetivo.

Para acomodar Onyx, a pasta deve ser desidratada, perdendo o comando da SAJ (Subchefia para Assuntos Jurídicos), que passará a ser vinculada diretamente ao gabinete presidencial.

Para o comando da Cidadania, o favorito é o deputado federal Márcio Marinho (Republicanos-BA), que integra a bancada evangélica e é próximo do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP). A legenda se alinhou a Lira após indicações de cargos na máquina federal.

Marinho foi líder do partido em 2016, quando o Republicanos, na época ainda chamado de PRB, desembarcou do governo Dilma Rousseff (PT) e apoiou seu impeachment. Um dos pontos de discordância alegados era a política econômica.

Em 2020, ele defendeu a ampliação do auxílio emergencial para atender também a profissionais do setor cultural, o que sofreu resistência da equipe econômica.

O Ministério da Cidadania foi responsável pelo pagamento do auxílio financeiro e cuida do programa Bolsa Família, que, nos planos do governo, deve ser reforçado."

Leia Também: 'Nos encontramos em 22', diz Bolsonaro ao ser chamado de genocida e fascista no Congresso

Já o comando de Desenvolvimento Regional foi oferecido ao agora ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP), que recusou, mas quer indicar aliado para o posto.

O principal nome avaliado por ele para a posição é o do líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO). A nomeação serviria como compensação ao MDB, que tem a maior bancada do Senado e, após pressão do Planalto, abriu mão do apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) ao comando da Casa.

Pela nova estratégia do governo, as demais mudanças em pastas ministeriais ficariam para o segundo trimestre, quando o Planalto pretende aprovar a reforma administrativa.

O segundo pacote de mudanças pode envolver, por exemplo, a recriação do Ministério do Esporte e a alteração no comando da Saúde. Para o primeiro posto, a principal cotada é a deputada federal Celina Leão (PP-DF), aliada de Lira.

Para o segundo, é defendido desde o ano passado o nome do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que foi ministro da pasta durante o governo de Michel Temer (MDB). O nome dele já foi citado em reunião recente promovida na Casa Civil.

Bolsonaro ainda não decidiu se irá recriar a pasta de Indústria e Comércio, desmembrada da Economia. Se levar adiante a proposta, mesmo a contragosto de Guedes, a ideia é que seja entregue também ao Republicanos.

Leia Também: Criticado por gestão da covid-19, Bolsonaro reclama de 'sabotagem'

Apesar da pressão pela saída do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o presidente sinaliza que não fará mudanças por ora. Bolsonaro, contudo, não descarta trocá-lo a qualquer momento caso o desgaste da imagem dele se agrave.

Para o Itamaraty, três nomes são avaliados, sendo dois embaixadores: André Corrêa do Lago, hoje na Índia, e Nestor Forster, nos EUA.

O primeiro é neto do diplomata Oswaldo Aranha e ajudou a destravar o transporte das vacinas da Índia. O segundo tem o apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Com a indicação, além de nomear alguém de sua confiança para o cargo de ministro, o presidente sinalizaria ao governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, uma mudança de postura ao escolher um novo chanceler."

Uma terceira opção em análise é o nome do atual secretário de Assuntos Estratégicos, almirante Flávio Rocha. Além de falar cinco idiomas, o militar já foi enviado pelo presidente para missões diplomáticas no Líbano e na Argentina.

Leia Também: Flávio Bolsonaro e sócio entregam loja de chocolates investigada pelo MP

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

politica Tiü França Há 15 Horas

Dono de carro que explodiu em Brasília anunciou atentado na internet

politica Brasil Há 17 Horas

Suspeito de explosões tentou invadir STF antes de morrer; veja as imagens

fama Luciano Camargo Há 16 Horas

Luciano fala sobre suposto afastamento de Zezé: "Meu tempo é caro"

mundo Casamento Há 17 Horas

Casal prepara casamento dos sonhos, mas convidados não aparecem; veja

fama Gisele Bündchen Há 17 Horas

Gisele Bündchen exibe pela primeira vez barriguinha de grávida em evento

fama Silvio Santos Há 15 Horas

Fã mostra foto da lápide de Silvio Santos, sepultado em local restrito

fama Fernanda Montenegro Há 15 Horas

Aos 95 anos, atriz Fernanda Montenegro entra para o Guinness

esporte Flamengo Há 15 Horas

Filipe Luís: 'Gabigol não será mais relacionado para jogos do Flamengo até segunda ordem'

lifestyle Doenças oncológicas Há 16 Horas

Câncer colorretal: sintomas iniciais e importância do diagnóstico precoce

politica Atentado Brasília Há 10 Horas

Imagens mostram autor do ataque ao STF detonando explosivo em Brasília