A seis semanas de nova eleição, Netanyahu vai à Justiça e volta a negar acusações de corrupção

A audiência aconteceu a seis semanas da eleição que vai definir se o veterano político continuará no comando do país por mais um mandato

© Reuters

Mundo BINYAMIN-NETANYAHU 09/02/21 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou-se inocente das acusações de corrupção no reinício de seu julgamento nesta segunda-feira (8). A audiência aconteceu a seis semanas da eleição que vai definir se o veterano político continuará no comando do país por mais um mandato.

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"Confirmo a resposta por escrito enviada em meu nome", disse o premiê, diante de um painel de três juízes em um tribunal distrital de Jerusalém. O sistema de segurança do tribunal foi ampliado para a sessão.

Netanyahu estava se referindo a um documento que seus advogados entregaram ao tribunal no mês passado, no qual argumentavam que ele não era culpado das acusações de suborno, quebra de confiança e fraude.

A sessão durou cerca de 20 minutos, durante os quais o premiê ficou sentado junto de seus advogados, de costas para as câmeras. A audiência não foi exibida pela TV, mas os jornalistas puderam acompanhar os procedimentos por meio de uma transmissão em outro local do prédio.

Netanyahu saiu rapidamente do prédio, sem falar com a imprensa nem comentar a sessão. Sua postura foi vista como uma forma de impedir que seu julgamento -o primeiro no qual um líder israelense é acusado de um crime no exercício do cargo- interfira nos assuntos do governo enquanto o país se prepara para suspender um lockdown imposto para conter os avanços da pandemia de coronavírus.

Mais tarde nesta segunda, o premiê se pronunciou sobre o julgamento. "Não acho que passem à fase de provas antes das eleições", afirmou Netanyahu, para quem "isso será percebido como uma intrusão evidente" no pleito.

Trata-se de um evidente contraste com a postura do premiê na abertura de seu julgamento, em maio do ano passado. Na ocasião, ele condenou veementemente as acusações que recebera e classificou todo o processo jurídico como uma operação de caça às bruxas movida pela esquerda para destituir um primeiro-ministro de direita.

Leia Também: Após bom resultado na eleição, direita populista tenta ganhar capilaridade para se fortalecer em Portugal

Desta vez, porém, antes mesmo da audiência, Netanyahu fez um apelo público a seus apoiadores e pediu que eles ficassem longe do tribunal, alegando risco de contaminação por coronavírus caso houvesse aglomerações em possíveis atos de protesto.

Seus apoiadores atenderam ao pedido, mas os opositores não. Do lado de fora do tribunal, dezenas de pessoas seguravam cartazes em que se lia "crime minister", um trocadilho com o termo em inglês "prime minister" (primeiro-ministro) que acusa Netanyahu de ser um criminoso.

O primeiro-ministro é alvo de três investigações. A primeira apura se ele teria concedido benefícios no valor de US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões, na cotação atual) à empresa de telecomunicações Bezeq, a maior do país, em troca de uma cobertura favorável de seu governo no site de notícias Walla, de propriedade do ex-presidente da companhia. ​

Nos outros dois casos, ele é acusado de aceitar presentes de bilionários, como charutos e bebidas, no valor de US$ 264 mil (R$ 1,4 milhão), e de oferecer vantagens ao jornal Yedioth Ahronoth (o mais vendido no país), também em troca de uma cobertura positiva.

Apesar de negar todas as acusações, Netanyahu tem sido alvo de sucessivos protestos semanais e pode ter seu legado mais diretamente questionado nas eleições parlamentares marcadas para 23 de março, o quarto pleito em dois anos.

As pesquisas de opinião preveem uma disputa apertada, em que rivais de direita e opositores esquerdistas podem encerrar o mandato de Netanyahu, que governa o país continuamente desde 2009.

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