Elo de Bolsonaros com Wassef seguiu após prisão de Queiroz

Wassef se recusa a falar sobre a relação com o presidente da República

© Reuters

Política Família Bolsonaro 25/02/21 POR Folhapress

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Na sexta-feira 22 de janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o advogado Frederick Wassef desembarcaram no Rio de Janeiro. Flávio de máscara. Wassef, sem. Advogado e cliente já haviam se encontrado em Brasília e se reuniram em São Paulo, de onde embarcaram, em voo de carreira, com destino à capital fluminense.

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No Rio, dedicaram um dia a conversas, completando uma maratona de 72 horas de reuniões. Essa foi a primeira aparição pública dos dois juntos desde junho de 2020, quando o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador e amigo do presidente Jair Bolsonaro (sempartido), foi preso no escritório de Wassef, na cidade de Atibaia, no interior de São Paulo.

Três dias depois da prisão, Wassef anunciou ter deixado a defesa de Flávio no processo apelidado de "rachadinha", alegando ser uma tentativa de preservar a imagem a família Bolsonaro. Agora, diz que nunca saiu do caso propriamente dito, mas apenas de um procedimento específico na Promotoria.

"Não é um retorno porque nunca saí", disse ao jornal Folha de S.Paulo nesta quarta (24), quando participou de uma solenidade de posse de ministros no Palácio do Planalto, a convite de Flávio. Para evitar exposição, usou um acesso privativo.

Até então figura constante nos palácios do Planalto e da Alvorada, Wassef –vaidoso– teve que submergir. No Rio, foi substituído pelo advogado Rodrigo Roca e sua meia-irmã Luciana Pires, de quem Wassef já havia discordado, chegando a enviar dura mensagem de voz. Com a saída de Wassef, Luciana reassumiu a defesa do senador.

Oito meses após divulgar seu afastamento, Wassef voltou à cena na tarde de terça-feira (23), quando o STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador no âmbito das investigações do caso das "rachadinhas" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Autor dos recursos, Wassef não só participou da sessão virtual, como acompanhou Flávio em entrevistas, muitas dadas em seu celular. Ambos deram declarações, lado a lado, via FaceTime.

Wassef já havia passado pelo Palácio do Planalto em novembro de 2020. Segundo relato do jornal Folha de S.Paulo, ele chegou pelo estacionamento por volta das 17h25, em um carro branco.

Sua entrada foi permitida pela área de visitantes. Duas pessoas entraram no carro do advogado, que ficou parado por alguns minutos e partiu.

Embora submerso, interlocutores de Flávio afirmam que o advogado manteve contato com a família Bolsonaro mesmo nas semanas que sucederam a prisão de Queiroz.

Wassef se recusa a falar sobre a relação com o presidente da República. Mas confirma ter preservado "uma relação estável, normal" com Flávio.

Questionado se a sessão de terça-feira representava um retorno à defesa do senador, Wassef rejeitou a expressão "retorno", dizendo ter deixado apenas o PIC (Procedimento Investigatório Criminal), referente à atuação perante o Ministério Público, no caso das "rachadinhas".

"Nunca deixei de ter qualquer relação com Flávio que sempre tive como seu advogado. Estive advogando para Flávio desde o dia um e jamais interrompi minhas atividades."

Wassef refere-se a Bolsonaro como um cliente. "Saí [do PIC] porque sabia de antemão que várias fraudes processuais e armações estavam engendradas para tentar me atingir e, consequentemente, atingir o Flávio e o presidente. Como advogado, pensando no que é melhor para meus clientes, decidi sair para que não fosse usado para prejudicar tanto o presidente quanto o Flávio", disse.

Dizendo-se vítima de um massacre dos opositores do governo Bolsonaro –incluindo aí a imprensa–, Wassef afirma ter conservado o papel de coordenador da defesa de Flávio no período em que se afastou publicamente, definindo até mesmo toda a estratégia jurídica do senador.

"Minha relação com Flávio continua igual porque continuei sendo o advogado, inclusive o advogado geral, coordenador de tudo. Estive trabalhando em vários outros processos. Em Brasília, tudo sou eu. Mesmo no Rio, em outras ações, sou eu, com procuração. Na consultoria jurídica geral, na coordenação, nas estratégias... Tudo eu."

Disposto a reassumir seu papel, Wassef chega a dar uma cotovelada nos advogados encarregados do caso no Rio.

"Entrou um colega no Rio para cuidar do PIC. Esse processo agora praticamente não existe. A continuidade do meu trabalho simplesmente demonstrou a ilegalidade e a armação naquele processo. De forma que praticamente não existe mais. Até o colega do Rio vai ficar um pouco sem trabalho porque vai começar do zero o negócio.""

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