Papa enfrenta pandemia e rockets para encorajar cristãos no Iraque

Durante a visita, guarda-costas e padres estarão sempre junto ao papa, que também sofre de ciática

© Lusa

Mundo Papa Francisco 03/03/21 POR NMBR

O Iraque prepara-se para receber o papa Francisco entre os dias 05 e 08 de março, numa visita histórica que constitui um quebra-cabeças em termos de segurança face à pandemia e a recentes ataques com 'rockets'.

PUB

O papa emérito Bento XVI considerou numa entrevista na segunda-feira ao jornal Il Corriere della Sera que aquela "é uma viagem muito importante", mas que, "infelizmente, ocorre num momento muito difícil que a torna perigosa".

Bento XVI referiu "razões de segurança e a (...) covid", apontando também "a situação instável do Iraque". "Acompanharei Francisco com as minhas orações", adiantou.

A avaliação é partilhada por organizadores da visita no Iraque.

"Estamos muito satisfeitos com a vinda do papa Francisco, mas ela acontece num momento bastante complicado", admite sem rodeios um dos responsáveis pela organização da visita da Presidência iraquiana, citado pela agência France-Press.

Para se tornar o primeiro papa a visitar o Iraque e encorajar as comunidades cristãs no país, Francisco, 84 anos, enfrenta uma segunda vaga do novo coronavírus e um confinamento renovado, 'rockets' e manifestações, além de ter que se deslocar a infraestruturas em ruínas.

O "momento bastante complicado" começou há algumas semanas com um novo pico de infecções pelo novo coronavírus - 4.000 casos diários contra algumas centenas anteriormente. Entre os novos doentes está o embaixador do Vaticano em Bagdá, o núncio apostólico Metja Leskovar, que testou positivo para a covid-19 a uma semana da visita de Francisco ao Iraque.

Fonte da nunciatura disse no domingo que Leskovar "tem sintomas ligeiros e está isolado", adiantando que "continua o seu trabalho para organizar a visita".

Mas, tendo em conta que o papa costuma ficar nas nunciaturas dos países que visita, desconhece-se onde Francisco irá pernoitar no Iraque, país muçulmano de maioria xiita.

O aumento de casos de covid-19 faz recear que as missas se tornem grandes focos de contaminação e se o papa e dezenas de pessoas que o acompanham foram vacinados o mesmo não acontece com os cerca de 40 milhões de iraquianos.

O Iraque, que registra um total 699.800 infectados, incluindo 13.428 mortos, só na segunda-feira à noite recebeu as primeiras 50.000 doses da vacina, a Sinopharm, um presente da China, e anunciou que iniciaria a imunização na terça-feira.

Não sendo o distanciamento físico, as quarentenas e o uso da máscara práticas muito seguidas pelos iraquianos, os organizadores da visita papal limitaram drasticamente os lugares para as missas.

O estádio de Erbil, com 20.000 lugares, apenas deverá receber cerca de 4.000 fiéis para a missa de domingo e Francisco será privado dos habituais banhos de multidão.

Além disso, será decretado um confinamento nacional durante todo o período da visita do papa e "as forças de segurança serão destacadas para proteger as estradas", explicou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Nizar Kheirallah.

Mas o vírus não é a única preocupação para a polícia e os soldados que acompanharão o papa. Erbil (norte) e Bagdá, a segunda capital mais populosa do mundo árabe com cerca de 10 milhões de habitantes, foram palco recentemente de ataques de 'rockets' contra interesses norte-americanos.

Na capital são polidos os sinos das igrejas e os cartazes de políticos substituídos por mensagens de boas vindas a Francisco, mas a alegria geral e os preparativos não conseguem fazer esquecer um contexto explosivo.

Em três dias, o papa deverá percorrer mais de 1.445 quilômetros de helicóptero ou avião e sobrevoará por vezes zonas onde se escondem ainda elementos ativos do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).

Símbolo das atrocidades dos fundamentalistas do EI é Mossul, a terceira maior cidade do Iraque, onde o papa fará uma oração pelas vítimas no domingo.

No dia anterior, Francisco visitará a antiga Ur - a capital dos sumérios, que a tradição cristã aponta como a terra natal de Abraão - situada na província de Zi Qar, onde nas últimas semanas recomeçaram as manifestações antigovernamentais e na semana passada foram mortos seis manifestantes.

Durante a visita, guarda-costas e padres estarão sempre junto ao papa, que também sofre de ciática.

"O Vaticano acaba de nos anunciar que o papa não pode dar mais do que dez passos. Não sabemos realmente o que fazer", reconheceu o responsável da Presidência iraquiana, considerando, no entanto, que o esforço vale a pena.

"Que responsável estrangeiro poderá agora recusar-se a vir ao Iraque se o papa o fizer?", adiantou.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Rio Grande do Sul Há 6 Horas

Avião cai em Gramado; governador diz que não há sobreviventes

mundo EUA Há 9 Horas

Professora que engravidou de aluno de 12 anos é condenada

fama GUSTTAVO-LIMA Há 12 Horas

Gusttavo Lima é hospitalizado, cancela show no festival Villa Mix e fãs se revoltam

brasil BR-116 Há 10 Horas

Acidente com ônibus, carreta e carro deixa 38 mortos em Minas Gerais

fama WILLIAM-BONNER Há 9 Horas

William Bonner quebra o braço e fica de fora do Jornal Nacional no fim do ano

fama Vanessa Carvalho Há 10 Horas

Influenciadora se pronuncia após ser acusada de trair marido tetraplégico

fama Pedro Leonardo Há 10 Horas

Por onde anda Pedro, filho do cantor Leonardo

lifestyle Smartphone Há 10 Horas

Problemas de saúde que estão sendo causados pelo uso do celular

esporte FUTEBOL-RIVER PLATE Há 9 Horas

Quatro jogadoras do River Plate são presas em flagrante por racismo

fama Afogamento Há 19 Horas

Famosos que morreram afogados: Casos mais impactantes