Empresas apostam em frota menos poluente

A multinacional brasileira Ambev encomendou 2,6 mil caminhões elétricos que serão produzidos no País pela Volkswagen Caminhões e Ônibus e pela Fábrica Nacional de Mobilidade (FNM), mas decidiu acelerar a eletrificação de sua frota. Para isso fez parceria com a Eletra, de São Bernardo do Campo (SP), para converter inicialmente 102 veículos a diesel em elétricos, processo conhecido como retrofit

© Divulgação/Mercedes Benz

Economia POLUIÇÃO 06/03/21 POR Estadao Conteudo

Grandes empresas brasileiras estão tomando a frente no processo de tornar suas frotas de veículos menos poluentes e contribuir para metas de sustentabilidade. Com isso, caminhões e carros elétricos começam a aparecer mais nas ruas do País em atividades de prestação de serviços.

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A multinacional brasileira Ambev encomendou 2,6 mil caminhões elétricos que serão produzidos no País pela Volkswagen Caminhões e Ônibus e pela Fábrica Nacional de Mobilidade (FNM), mas decidiu acelerar a eletrificação de sua frota. Para isso fez parceria com a Eletra, de São Bernardo do Campo (SP), para converter inicialmente 102 veículos a diesel em elétricos, processo conhecido como retrofit.

A CPFL Energia lançou nesta semana projeto piloto na cidade de Indaiatuba (SP) para utilizar apenas carros movidos a eletricidade na prestação de serviços aos cerca de 90 mil clientes da companhia na cidade.

O projeto inclui o uso, ainda este ano, de 20 veículos elétricos, entre os quais dois caminhões exclusivos que estão sendo desenvolvidos pela Volkswagen Caminhões e Ônibus.

Segundo Renato Povia, diretor de Estratégia e Inovação da CPFL, o objetivo é avaliar todas as fases do processo, incluindo logística, para que a companhia possa se preparar para estender a eletrificação a outras cidades.

Retrofit

No caso da Ambev, o retrofit consiste em retirar todos os componentes agregados ao sistema de combustão, como motor, caixa de câmbio e tanque de combustível, e substituir pelo sistema elétrico. Além de ter uma frota mais sustentável, a empresa evita que, ao serem revendidos, esses caminhões continuem poluindo, pois a maioria continua em circulação por mais de 20 anos.

O novo acordo é mais um passo para a empresa atingir sua meta de reduzir em 25% a emissão de CO2 em toda sua cadeia operacional até 2025, compromisso assumido em 2018 que envolve várias iniciativas, entre as quais uma frota de veículos movida a combustível limpo.

Hoje, a companhia de bebidas tem frota dedicada de 4,5 mil caminhões e continuará trabalhando em outras ações para que todos eles, ou o maior número possível, sejam movidos a combustíveis limpos, diz Marco Aurélio Filho, gerente de Suprimentos Logística da Ambev.

A diretora executiva da Eletra, Ieda Oliveira, informa que, após o retrofit, a emissão dos caminhões praticamente zera e a empresa tem direito a 100% de créditos de carbono referentes ao que o veículo deixa de jogar em CO2 na atmosfera. Todas as peças retiradas são recicladas e viram matéria-prima. "O ciclo de sustentabilidade se fecha".

Dois caminhões retrofitados circulam em testes na Ambev há um ano, na distribuição de bebidas na zona sul de São Paulo e região. Antes da mudança, os veículos passam por revisão para garantir que a parte reaproveitada, como cabines, sistemas pneumáticos e de freios, está em ordem. "Após o retrofit eles praticamente ficam novos", afirma Ieda, acrescentando que os custos com manutenção são reduzidos em cerca de 50% em relação ao veículo a diesel.

Segundo o resultado dos testes, o caminhão elétrico emite 0,05kg de CO2 por viagem, ou quase zero de emissões poluentes. O consumo médio é de 1 kW/h por quilômetro, o que representa economia de mais de 70% em relação ao similar movido a combustível fóssil. A ausência de ruído é outra vantagem.

Aurélio Filho não informa investimentos no programa. Os custos com compra de veículos elétricos ou do processo de conversão são bancados pelos operadores logísticos da frota da Ambev, mas a empresa está sempre na retaguarda, inclusive financiando projetos.

Na CPFL, os caminhões elétricos terão, por exemplo, cesto aéreo, usados por funcionários para acessar altos postes e realizar serviços de manutenção da rede elétrica. Os veículos movidos a diesel precisam ficar funcionando o tempo todo em que o cesto é acionado, resultando em gasto de combustível, emissão de poluentes e barulho.

"Com o veículo elétrico, vamos acabar com as emissões de poluentes e sonora, além de reduzir custos com combustível", diz Povia. Indaiatuba terá 16 eletropostos para recarga. Na frota haverá automóveis, furgões e picapes preparados para o atendimento à população.

A companhia tem outros quatro projetos em andamento, como um ônibus circular da BYD, com fábrica em Campinas, para o transporte interno na Unicamp. "É um transporte gratuito que percorre, desde setembro, em média 250 km por dia sem emissões", diz Povia.

Trabalha também no desenvolvimento de postos de recarga com energia solar, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco e o Instituto Tecnológico Edson Mororó Moura (Itemm) e estuda a segunda vida das baterias para evitar impactos ambientais do descarte. Por fim, desenvolve uma plataforma para gestão de veículos elétricos e eletropostos junto com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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