Áustria reitera rejeição de acordo comercial UE-Mercosul

"O acordo Mercosul é contrário aos nossos esforços para responder à crise econômica de uma maneira que é compatível com as ambições e compromissos ambientais e climáticos, não construindo um sistema econômico mais resiliente", lê-se numa carta, datada de 04 de março, endereçada pelo vice-chanceler austríaco, Werner Kogler, ao primeiro-ministro, Antônio Costa, a que a agência de notícias Lusa teve acesso

© Lusa

Economia Comércio 08/03/21 POR NMBR

O Governo austríaco, numa carta enviada ao primeiro-ministro de Portugal, Antônio Costa, reiterou a sua rejeição do acordo comercial UE-Mercosul e apelou a que Portugal, enquanto presidência da União Europeia (UE), "assegure" que a sua votação seja feita "abertamente".

PUB

"O acordo Mercosul é contrário aos nossos esforços para responder à crise econômica de uma maneira que é compatível com as ambições e compromissos ambientais e climáticos, não construindo um sistema econômico mais resiliente", lê-se numa carta, datada de 04 de março, endereçada pelo vice-chanceler austríaco, Werner Kogler, ao primeiro-ministro, Antônio Costa, a que a agência de notícias Lusa teve acesso.

Frisando que, no programa da presidência portuguesa do Conselho da UE, Portugal "sublinha o interesse estratégico" em concluir o acordo comercial com o Mercosul, Kogler manifesta "grandes preocupações" com a sua ratificação.

"Os vastos fogos florestais na região da Amazônia, também conhecida como o pulmão da Terra, em conjunto com um aumento nos modos intensivos agroindustriais nos países do Mercosul, irão exacerbar o aquecimento global. Se continuarmos a promover o crescimento económico e comercial sem termos em consideração os impactos na biodiversidade, nos ecossistemas e nos recursos naturais, estaremos inevitavelmente a caminhar para uma catástrofe climática", aponta o vice-chanceler.

Assim, e destacando que a UE "tem um papel chave a jogar agora, em nome das gerações futuras", para "evitar o cenário" descrito, Werner Kogler reitera a rejeição do Governo austríaco de ratificar o acordo comercial entre a UE e a região do Mercosul.

"É por esta razão que o Partido Popular Austríaco [do primeiro-ministro, Sebastian Kurz] e o Partido Verde Austríaco [em coligação] concordaram, no seu acordo governamental, em rejeitar o acordo comercial UE-Mercosul que está atualmente a ser concluído. O Parlamento austríaco também passou unanimemente resoluções legalmente vinculativas com este efeito", comunica.

Além do acordo propriamente dito, a rejeição em questão, segundo o vice-chanceler austríaco, engloba também quaisquer "tentativas eventuais" para ratificar o texto através de "uma declaração conjunta", um "protocolo em anexo" ou uma "separação do acordo".

"Também nos iremos firmemente opor a estas tentativas. Para nós, não é aceitável que sejam feitas estas tentativas para ultrapassar qualquer resistência de um grupo qualificado de Estados-membros dentro da UE", lê-se na missiva.

Nesse âmbito, Werner Kogler insta Antônio Costa a "assegurar que o voto no acordo comercial tenha lugar abertamente, sem qualquer tipo de manobra política, e com total atenção pública".

O vice-chanceler exorta ainda a UE a "aproveitar" o Pacto Ecológico Europeu para promover a "proteção climática internacional" e dar um "novo ímpeto" ao Acordo de Paris, um "progresso" que o acordo com o Mercosul iria "minar".

"Para nós, o impacto do acordo comercial UE-Mercosul é um fator decisivo na crise climática. Perante este contexto, o Governo Federal Austríaco concordou em fazer o máximo para opor a ratificação do acordo com os países do Mercosul", conclui.

Identificado como uma prioridade pela presidência portuguesa, o acordo comercial, alcançado em junho de 2019 entre a UE e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), após duas décadas de negociações, está atualmente em fase de tradução e revisão jurídica, finda a qual, com um acordo político dos 27, os países de ambos os blocos deverão ratificá-lo.

No entanto, vários Estados-membros, eurodeputados e organizações da sociedade civil têm manifestado fortes reservas relativamente à ratificação do acordo, por terem preocupações relativas à sua compatibilidade com o cumprimento do Acordo de Paris e com o impacto que terá para o aquecimento global, apontando, entre vários problemas, o desmatamento da Amazônia.

Para a presidência portuguesa, esta preocupações são legítimas e podem ser ultrapassadas através de uma "clarificação adicional" ao acordo.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Ceará Há 9 Horas

Tumor raro muda tonalidade da pele de jovem que busca tratamento

brasil Vendavais Há 8 Horas

Ventos fortes causam prejuízo bilionário no Brasil

fama Família Há 8 Horas

Viih Tube solta o verbo após declaração do pai: 'Pare de me expor'

politica BALEIA-ROSSI Há 8 Horas

Presidente do MDB diz que vídeo de Janja contra Nunes extrapolou qualquer padrão ético

fama Dramaturgia agora mesmo

Gagliasso comemora beijo gay na TV após ser censurado em novela de 2005: 'Foi um tesão'

fama Espiritualidade Há 7 Horas

Courteney Cox tenta se 'comunicar' com espírito de Matthew Perry

fama Novela Há 10 Horas

'Não dava para começar trabalho cansada', diz Fernanda Torres sobre não ser Odete Roitman

fama MC Poze Há 9 Horas

Esposa de MC Poze movimentou R$ 10 milhões com rifas fraudulentas

fama Redes Sociais Há 3 Horas

Tiago Leifert é detonado na web após discutir racismo com ativista

lifestyle Os Astros Dizem Há 10 Horas

Novembro traz mudanças: as previsões de uma astróloga para cada signo