Sem sedativos, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto reduz cirurgias pela metade

Nesta terça, Ribeirão bateu novo recorde de internados nos dez hospitais que atendem casos de Covid-19, com 503 pessoas, 263 delas em leitos de UTIs

© Shutterstock - imagem ilustrativa

Brasil HOSPITAL-SP 23/03/21 POR Folhapress

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, referência em saúde num raio de 200 quilômetros, decidiu reduzir pela metade as cirurgias realizadas por falta de medicamentos para sedação dos pacientes.

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Com isso, 70 cirurgias deixarão de ser realizadas por semana. Com dez salas cirúrgicas abertas, somente cinco serão utilizadas no período, e o atendimento será destinado a procedimentos cirúrgicos de casos considerados gravíssimos, que não possam esperar de forma alguma.

"Com a diminuição da disponibilidade de relaxantes musculares no mercado, que são utilizados para a sedação de pacientes em terapia intensiva nos 72 leitos que o hospital está oferecendo à comunidade nesse momento e que são utilizados também nos procedimentos cirúrgicos, nós temos que desviar esses medicamentos que são utilizados no centro cirúrgico para garantir o estoque e manter a vida das pessoas que estão intubadas [na UTI]", disse o diretor do departamento de atenção à saúde do HC, Antonio Pazin Filho.

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Na manhã desta terça-feira (23), havia 68 pacientes internados nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) do HC Campus e da unidade de emergência.

No HC, só um dos 56 leitos de UTI estava disponível, e o cenário em enfermarias também era preocupante, com 90% de ocupação. Já na unidade de emergência, no centro de Ribeirão Preto, 13 dos 16 leitos de UTI estavam em uso nesta terça-feira.

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Nesta terça, Ribeirão bateu novo recorde de internados nos dez hospitais que atendem casos de Covid-19, com 503 pessoas, 263 delas em leitos de UTIs.

De acordo com Pazin Filho, uma comissão composta por três profissionais será responsável por fazer diariamente a triagem das cirurgias que serão efetivamente necessárias.

Além do quadro de saúde do paciente, também será analisado o risco de transmissão da doença dentro do hospital. "Sabemos que isso não atende toda a necessidade da população, mas é uma situação muito grave e a gente vai ter que tomar decisões às vezes muito difíceis nesse momento. Vamos tentar ao máximo reduzir o dano aos pacientes", afirmou o diretor.

Há previsão de recebimento das medicações até sexta-feira, mas não há garantia de que elas serão entregues. "Como foi noticiado na imprensa, vários lugares já estão com falta [dos remédios] e nós estamos aguardando as medidas que estão sendo tomadas junto aos fornecedores. E já informamos ao governo a nossa deficiência", afirmou. A medida será válida inicialmente pelos próximos 15 dias.

Ribeirão Preto adotou um lockdown de cinco dias entre a última quarta-feira (17) e domingo (21), com o objetivo de reduzir a circulação de pessoas e evitar a disseminação do novo coronavírus. As ruas ficaram vazias.

A partir de segunda (22), passou a haver a abertura gradual de algumas atividades, como supermercados.

Até agora, a pandemia já provocou 1.409 mortes na cidade, sendo 367 somente neste ano.

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