Xi Jinping condena países que instruem outros 'com arrogância'

Sem especificar, Xi criticou os esforços de países em construir barreiras e quebrar vínculos, o que, segundo ele, prejudicaria outros e não beneficiaria ninguém

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Mundo XI-JINPING 21/04/21 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Enquanto lida com tensões crescentes com os EUA, o líder chinês, Xi Jinping, defendeu a rejeição de estruturas de poder hegemônicas na governança global, durante o Fórum Boao para Ásia, nesta terça-feira (20).

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Sem especificar, Xi criticou os esforços de países em construir barreiras e quebrar vínculos, o que, segundo ele, prejudicaria outros e não beneficiaria ninguém.

"O mundo não deveria ser liderado por unilateralismo de países individuais", disse o líder chinês, segundo o jornal South China Morning Post. "Igualdade, respeito mútuo e confiança deveriam estar na vanguarda quando países lidam entre si. É impopular instruir os outros com arrogância e interferir em assuntos internos."

Ainda que Xi não tenha identificado nenhum país especificamente, autoridades chinesas se referiram recentemente à hegemonia americana em críticas públicas direcionadas à projeção global do poder de Washington no comércio internacional e na geopolítica.

Há algum tempo a China pede por reformas no sistema de governança global para refletir um rol mais diverso de perspectivas e valores da comunidade internacional, a sua visão incluída, em vez de se limitar a alguns grandes países.

Pequim repetidamente entra em rota de colisão com grandes atores da governança mundial, em especial com os EUA, por conta de diferentes assuntos, que vão desde questões ligadas aos direitos humanos até a influência econômica chinesa.

Devido à situação dos uigures, por exemplo, União Europeia, EUA, Canadá e Reino Unido impuseram no fim de março sanções à China. Pequim nega as acusações de abusos contra a minoria muçulmana da região de Xinjiang e diz que os locais chamados de campos de detenção são espaços de reeducação, voltados a combater o extremismo e a ensinar novas habilidades.

No início deste mês, os dois países voltaram às provocações militares em regiões consideradas chinesas por Pequim, e enviaram porta-aviões para fazer exercícios, em uma intensificação da rivalidade a partir da confirmação de que o presidente americano, Joe Biden, vai seguir o caminho de confronto aberto por seu antecessor, Donald Trump.

A Guerra Fria 2.0 do republicano, iniciada em 2017, abarcou quase todos os campos de competição possíveis, da autonomia de Hong Kong às redes de tecnologia móvel 5G, e tem um componente militar central.

Xi fez menção à mentalidade de guerra fria em sua fala no fórum asiático, que foi acompanhado por grandes empresários americanos, como Tim Cook, da Apple, e Elon Musk, da Tesla.

"Enquanto passamos pela pandemia de Covid-19, pessoas de todos os países têm percebido mais claramente que é preciso abandonar a mentalidade de guerra fria e de competição e se opor a qualquer forma de uma nova guerra fria e confrontação ideológica", afirmou o líder chinês, segundo o South China Morning Post.

Washington, no entanto, tem mobilizado aliados e reviveu o Quad, um grupo formado por Japão, Austrália e Índia, focado em exercícios militares conjuntos para demonstrar capacidade de estrangulamento e cerco aos chineses.

Sob Biden, o clube fez sua primeira reunião de líderes e buscou enfatizar ainda aspectos políticos, como facilitar acesso a vacinas contra Covid-19 no Sudeste Asiático, para contrabalançar a diplomacia sanitária de Pequim.

A China também fez parte do primeiro encontro presencial entre o presidente americano e o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, na sexta (16). Em demonstração de cooperação econômica que exclui Pequim, Biden disse que Japão e EUA vão investir conjuntamente em áreas como tecnologia 5G e inteligência artificial.

Enquanto o governo americano reúne aliados democráticos para endurecer a posição em relação a Pequim, a China busca fortalecer seus laços com parceiros autocráticos e vizinhos do Sudeste Asiático que dependem economicamente da potência oriental.

Participantes chineses do fórum Boao, uma resposta asiática ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça, reafirmaram o compromisso chinês com um livre comércio internacional.

As práticas chinesas nessa área foram o foco de uma intensa guerra tarifária entre Pequim e Washington durante a gestão de Trump. Os EUA acusavam o adversário de fornecer subsídios que davam a empresas do país vantagens injustas e forçavam a transferência de propriedade tecnológica e intelectual.

"A maior experiência da adesão da China à Organização Mundial do Comércio há 20 anos é que nós, chineses, não temos medo da concorrência", disse nesta segunda (19) ao fórum Long Yongtu, ex-negociador-chefe para a entrada da China na OMC em 2001.

Apesar do confronto persistente entre as duas potências mundiais, recentemente os países entraram em um acordo para estabelecer compromissos mais audaciosos para o clima. Xi abordou o tema em sua fala no fórum. Mais tarde, Hua Chunying, porta-voz do Ministério do Exterior, confirmou que o líder chinês irá participar da Cúpula do Clima convocada por Biden por videconferência e fará um discurso.

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