© Reprodução / Palácio do Planalto
Políticos de oposição ao Presidente Jair Bolsonaro criticaram duramente o chefe de Estado por, no momento mais crítico da pandemia, ter posado ao lado de um polêmico cartaz que, supostamente, faz alusão aos assassinatos cometidos por milícias.
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Em causa está uma fotografia em que Bolsonaro, ao lado do apresentador de televisão Sikêra Junior e de membros do Governo, segura uma réplica de um Cadastro de Pessoa Física (CPF), na qual está escrito "cancelado".
Normalmente, quando um cidadão morre o CPF é cancelado. A expressão "CPF cancelado" é também usada por polícias e grupos de extermínio em referência a alguém que foi assassinado, geralmente por milícias ou fações criminosas, segundo vários parlamentares e a imprensa local.
A gíria é frequentemente utilizada pelo apresentador Sikêra Júnior em referência à morte de criminosos.
A fotografia em causa foi amplamente difundida por vários políticos da oposição de Bolsonaro, que nas redes sociais acusaram o mandatário de não respeitar o fato de que milhares de brasileiros morrerem no Brasil devido à covid-19, além de criticarem o cunho violento do cartaz.
"'CPF cancelado' é uma gíria usada por milícias e grupos de extermínio para comemorar mortes. Bolsonaro não é Presidente da República. É um miliciano", acusou, na rede social Twitter, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e ex-candidato à Presidência do Brasil.
"É muito mais grave do que parece. Bolsonaro não apenas ironiza mortes. A placa 'CPF Cancelado' é usada por grupos pró-violência e extermínio policial. Ou seja: Bolsonaro defende publicamente essas práticas. Desde que os criminosos não sejam seus queridos filhos. Que roubam os cofres públicos há anos. Para esses, nem a lei, nem a investigação e nem o fuzil", escreveu, por sua vez, a deputada federal Jandira Feghali.
Já o deputado federal Marcelo Freixo, que chegou a presidir uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre milícias no Rio de Janeiro, classificou como "podridão" a "piada com CPF cancelado" feita pelo Presidente, no momento em que 390 mil brasileiros morreram devido à covid-19.
"O que tem que ser cancelado é o mandato de Bolsonaro. O Congresso não pode continuar omisso diante de tantos crimes. É preciso abrir o processo de 'impeachment' [destituição] imediatamente", defendeu ainda Freixo no Twitter.
"Foto oficial do Palácio do Planalto. Sabe o que significa CPF cancelado? Titular falecido. É assim que Bolsonaro ri das quase 400 mil vidas perdidas por covid-19 no país. Desprezo sem tamanho por um Brasil em luto. O lugar dessa extrema-direita é agora e no lixo da história", avaliou, por sua vez, a deputada federal Fernanda Melchionna.
A polêmica fotografia foi publicada no perfil oficial do próprio Palácio do Planalto na rede Flickr e tornou-se pública após a visita de Bolsonaro a Manaus, na última sexta-feira.
Hoje, após ser indagado sobre a fotografia, Bolsonaro irritou-se com a jornalista que colocou a questão e chamou-a de "idiota".
"Você não tem o que perguntar não? Deixa de ser idiota, menina!", disse Bolsonaro, dirigindo-se à jornalista Driele Veiga, da TV Aratu, durante uma visita à Bahia, onde o chefe de Estado causou aglomerações e circulou sem máscara.
O Brasil enfrenta atualmente a pior fase da pandemia, com escassez de medicamentos, oxigênio e hospitais em colapso, e totaliza 390.797 mortes no país e 14.340.787 infetados.
Jair Bolsonaro posa sorrindo para foto com placa que faz referência à morte de pessoas. O termo "CPF cancelado" é usado pelo apresentador Sikêra Júnior para se referir a supostos criminosos que são assassinados. No Brasil não há pena de morte.Foto: Alan Santos/PR pic.twitter.com/D4hnonIM4T
— Brasil de Fato (em ) (@brasildefato) April 24, 2021