Lucro dos bancos cai 26% em 2020 com pandemia, diz Banco Central

"A crise sanitária afetou a rentabilidade dos bancos em 2020, porém sem acarretar riscos relevantes para a estabilidade financeira", diz o estudo

© Ueslei Marcelino/Reuters

Economia Banco 27/04/21 POR Folhapress

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A pandemia de Covid-19 afetou o sistema financeiro e provocou queda de 26% no lucro dos bancos em 2020, com relação ao ano anterior, segundo relatório publicado pelo BC (Banco Central) nesta terça-feira (27).

PUB

De acordo com o documento, contudo, o impacto na rentabilidade das instituições financeiras não geraram riscos relevantes para a estabilidade do segmento.

"A crise sanitária afetou a rentabilidade dos bancos em 2020, porém sem acarretar riscos relevantes para a estabilidade financeira. A pandemia interrompeu a recuperação da rentabilidade que vinha ocorrendo desde 2015-2016", diz o estudo.

Segundo o BC, embora ainda haja incertezas sobre a evolução da pandemia, a tendência é que o lucro dos bancos cresça em 2021.

"O elevado nível de provisões [reserva em caixa] e a retomada da atividade econômica são os principais pilares para a recuperação da rentabilidade dos bancos em 2021. A alta das provisões em 2020 reduz a necessidade de novas constituições relevantes, e a melhora da economia contribui para o crescimento e para a qualidade do crédito, além de favorecer a demanda por serviços bancários", afirma o relatório.

"A pandemia continua sendo o maior risco para a recuperação da rentabilidade em 2021, pois pode atrasar a retomada da atividade econômica e aumentar a necessidade de novas provisões para perdas com crédito", continuou.

De acordo com o texto, o principal motivo para o recuo do lucro dos bancos foi a maior necessidade de provisionamento para cobrir eventuais perdas. As despesas com provisões somaram R$ 111,2 bilhões em 2020, alta de 30% em relação ao ano anterior.Provisão é o valor que o banco deve manter em caixa para assegurar as operações de crédito. Se o risco de calote é maior, a instituição precisa provisionar mais.

"Apesar da incerteza sobre o prolongamento da pandemia e seus efeitos na qualidade do crédito, o BC estima que as provisões atuais são suficientes para fazer frente às perdas esperadas. A constituição de provisões deve voltar aos níveis anteriores à pandemia, e esse deve ser o principal determinante da melhora da rentabilidade dos bancos em 2021", projeta o documento.

A margem de lucro das operações de crédito também se reduziram em 2020 e, segundo o BC, podem ficar sob pressão no curto prazo com novas altas da taxa básica de juros (Selic).

O retorno do crédito caiu 2,2 pontos percentuais, acima da queda do custo de captação dos bancos, que foi de 1,96 ponto no período, o que pressionou a margem. Além disso, o crescimento dos empréstimos no ano se deu em modalidades mais baratas, com menor retorno.

O BC destaca ainda o aumento da concorrência e da inovação no sistema financeiro, como o lançamento do Pix, sistema de pagamentos instantâneos e o open banking, que "devem trazer desafios e oportunidades para as receitas de serviços nos próximos anos".

O open banking começou a ser implementado no início do ano e abre caminho para que o consumidor compartilhe seus dados e tenha acesso a propostas mais vantajosas de crédito e produtos financeiros fora do banco com o qual tem relacionamento.

"Por um lado, o maior incentivo à competição pode afetar as rendas no curto prazo. Por outro, surgem novas oportunidades de fidelização dos clientes, de prestação de novos serviços, de parcerias com fintechs e instituições de pagamento e de reduções de custos", ressalta o texto.

O Pix, por exemplo, deve impactar as rendas de transferências das IFs [instituições financeiras] e poderá afetar outras rendas de serviços à medida que seu uso se intensificar, mas tende a reduzir custos das IFs com meio circulante e com formas de pagamentos mais custosas", pondera o relatório.

A autarquia também considera que os canais de atendimento digitais devem contribuir para melhorar a eficiência do sistema financeiro no médio prazo.

"O número de agências e de funcionários do sistema bancário continuou em queda em 2020. Essa tendência deve continuar nos próximos anos com o uso crescente de canais de atendimento digitais pelas instituições e seus clientes. A pandemia da Covid-19 tem sido um catalizador desse processo. A migração para os canais digitais deve inicialmente demandar maiores investimentos em tecnologia para, no futuro, reduzir custos e aumentar a eficiência operacional das IFs", pontua.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

politica Polícia Federal Há 17 Horas

Bolsonaro pode ser preso por plano de golpe? Entenda

fama Harry e Meghan Markle Há 9 Horas

Harry e Meghan Markle deram início ao divórcio? O que se sabe até agora

fama MAIDÊ-MAHL Há 18 Horas

Polícia encerra inquérito sobre Maidê Mahl; atriz continua internada

justica Itaúna Há 17 Horas

Homem branco oferece R$ 10 para agredir homem negro com cintadas em MG

economia Carrefour Há 15 Horas

Se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros, diz Fávaro, sobre decisão do Carrefour

economia LEILÃO-RECEITA Há 15 Horas

Leilão da Receita tem iPhones 14 Pro Max por R$ 800 e lote com R$ 2 milhões em relógios

brasil São Paulo Há 18 Horas

Menina de 6 anos é atropelada e arrastada por carro em SP; condutor fugiu

fama LUAN-SANTANA Há 18 Horas

Luan Santana e Jade Magalhães revelam nome da filha e planejam casamento

politica Investigação Há 10 Horas

Bolsonaro liderou, e Braga Netto foi principal arquiteto do golpe, diz PF

mundo País de Gales Há 16 Horas

Jovem milionário mata o melhor amigo em ataque planejado no Reino Unido