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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Exército de Israel voltou atacar a Faixa de Gaza nesta quinta-feira (17) após o lançamento de balões incendiários, em mais uma escalada de tensões na região. Os alvos dos bombardeios aéreos, realizados pela segunda vez nesta semana, foram locais do grupo islâmico Hamas.
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Em seu Twitter, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) informaram que as ações visaram complexos militares e um local de lançamento de foguetes que pertencem ao grupo palestino. "O IDF aumentou sua prontidão para diversos cenários e vai continuar a atacar alvos terroristas do Hamas em Gaza." A organização islâmica é considerada terrorista por Israel, EUA e União Europeia.
Segundo o jornal Times of Israel, ao menos oito incêndios foram provocados no sul do país nesta quinta e quatro nesta quarta (16) por balões incendiários lançados de Gaza, afirmaram os bombeiros.
A mídia palestina, ainda de acordo com o veículo, disse que um ataque israelense tinha como alvo um prédio controlado pelo Hamas na cidade de Beit Lahiya. Houve ações relatadas contra um outro edifício no norte de Gaza e uma base perto de Khan Younis pertencentes ao grupo islâmico, além um local perto da cidade de Gaza e campos que abrigariam lançadores de foguetes subterrâneos, no sul da região.
Não houve relatos de palestinos feridos.
Cerca de 20 minutos depois de anunciar os ataques, as forças israelenses publicaram no Twitter que sirenes soaram no sul de Israel.
Os ataques reacendem o temor de novos confrontos entre judeus e palestinos menos de um mês após o cessar-fogo que encerrou o conflito de 11 dias entre os dois lados.
A tensão entre Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, voltou a aumentar nesta semana, após a realização de uma marcha em Jerusalém Oriental, na terça (15), que reuniu milhares de israelenses.
Dançando, carregando bandeiras israelenses e entoando frases como "o povo de Israel vive" e, ainda que em menor frequência, "morte aos árabes", uma multidão encheu a praça em frente ao Portão de Damasco, uma das entradas da Cidade Antiga. O grupo, acompanhado por um grande contingente de policiais, era formado principalmente por judeus, nacionalistas e apoiadores da ultradireita.
Considerando a marcha uma provocação, palestinos convocaram protestos na Faixa de Gaza e em áreas da Cisjordânia ocupada por Israel. O chamado "dia de fúria" evoca as memórias ainda frescas dos confrontos entre palestinos e policiais israelenses às vésperas do conflito que eclodiu no mês passado.
Mesmo antes do evento, balões incendiários lançados da Faixa de Gaza causaram diversos incêndios em campos de comunidades de judeus perto da fronteira com o enclave palestino. A ação provocou, já na madrugada de quarta, um ataque aéreo do Exército israelense.
O Hamas havia alertado sobre o perigo de novas hostilidades durante a marcha. A declaração foi vista como um teste para o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, que tomou posse na segunda (14). O sucessor de Binyamin Netanyahu, que ficou 12 anos no poder em Israel, lidera um partido de ultradireita cuja base religiosa poderia se enfurecer caso a marcha fosse submetida a uma alteração no trajeto ou a um novo adiamento.
Originalmente, a Marcha das Bandeiras estava agendada para 10 de maio, como parte das festividades do Dia de Jerusalém, data em que Israel celebra a captura da região oriental da cidade em 1967, na Guerra dos Seis Dias. Pouco antes de começar, no entanto, a marcha foi desviada do Portão de Damasco, numa ação insuficiente para dissuadir o Hamas de lançar foguetes contra Jerusalém.
O ataque marcou o início do conflito mais recente com Israel. Jerusalém está no centro desse embate. De um lado, Israel reivindica a cidade inteira, incluindo seu setor oriental capturado na guerra de 1967, como sua capital. Os palestinos, do outro, buscam fazer de Jerusalém Oriental a capital de um futuro Estado palestino na Cisjordânia e em Gaza.