Israel anuncia envio de 1 milhão de vacinas à Palestina em acordo de troca

O acordo para impulsionar a campanha de imunização na região prevê que os palestinos devolvam o mesmo número de doses no final deste ano, à medida em que receberem seus próprios lotes de vacinas

© Reuters

Mundo ISRAEL-PALESTINA 18/06/21 POR Folhapress

 (FOLHAPRESS) - Israel anunciou nesta sexta-feira (18) que vai doar ao menos 1 milhão de doses de vacinas contra a Covid-19 à Autoridade Palestina. O acordo para impulsionar a campanha de imunização na região prevê que os palestinos devolvam o mesmo número de doses no final deste ano, à medida em que receberem seus próprios lotes de vacinas.

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De acordo com um comunicado conjunto do gabinete do primeiro-ministro Naftali Bennett e dos ministérios israelenses da Saúde e da Defesa, o país vai transferir de 1 milhão a 1,4 milhão de doses da vacina fabricada pela Pfizer, cujo prazo de validade deve expirar em breve.

Segundo o anúncio, o estoque de vacinas de Israel atende às necessidades imediatas do país, e a Autoridade Palestina deve retribuir a doação em setembro ou outubro. Autoridades de saúde palestinas disseram à agência de notícias Reuters que esperam receber o carregamento israelense em agosto e setembro.

A campanha de vacinação em Israel segue em ritmo acelerado, e 59,49% de sua população recebeu as duas doses do imunizante contra o coronavírus, de acordo com dados do monitor Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford.

O país, no entanto, tem recebido críticas e acusações de omissão por falta de esforços para garantir que os palestinos também tenham acesso à proteção –até agora, apenas 4,89% deles estão completamente vacinados. De acordo com o ministério da Saúde palestino, 436 mil pessoas receberam pelo menos uma dose, e 260 mil, as duas. Em Israel, os números absolutos são, respectivamente, 5,49 milhões e 5,15 milhões.

O site israelense Walla noticiou que o primeiro lote do acordo de doação, com cerca de 100 mil doses, estava sendo transferido para os palestinos já nesta sexta-feira. O total das doações, segundo o portal, iria apenas para Cisjordânia, e não para Faixa de Gaza, região que atualmente é controlada pelo Hamas, facção radical que Israel considera terrorista e que protagonizou o conflito de 11 dias encerrado pelo acordo de cessar-fogo há um mês.

Apesar dos apelos de organizações de direitos humanos, de uma petição apresentada à mais alta instância da Justiça e das recomendações de especialistas para que Israel invista em uma ampla campanha de imunização dos palestinos, as autoridades israelenses alegam que, de acordo com os Acordos de Oslo, os palestinos é que são responsáveis pela vacinação na Cisjordânia.

Para o grupo israelense Physicians for Human Rights, no entanto, o país tem a obrigação moral e legal de garantir a saúde dos habitantes dos territórios sob seu controle. "O fato de que até agora Israel enviou apenas algumas vacinas é uma vergonhosa renúncia de sua responsabilidade."

Segundo a entidade, o acordo de doações, além de tardio, é insuficiente. Em uma publicação nas redes sociais, a organização disse que é "altamente duvidoso" que os palestinos consigam utilizar as doses antes do vencimento e pediu que as vacinas também sejam entregues em Gaza, onde o temor de novos conflitos voltou a aparecer após uma troca de ataques entre o Exército e o Hamas.

Até agora, a Autoridade Palestina depende principalmente de doações de doses para imunizar a população. A China, que tem investido pesado na chamada "diplomacia da vacina", doou 100 mil doses aos palestinos. A Rússia, 58 mil. Israel também já doou um lote de 5.000 doses da vacina da Moderna e de 200 doses da Pfizer para profissionais de saúde palestinos. O país também vacinou outros 100 mil palestinos que mantêm contato regular com israelenses em seus locais de trabalho.

A Faixa de Gaza, por sua vez, recebeu 50 mil doses do Covax Facility, consórcio global criado para distribuir os imunizantes aos países de renda baixa e média, mais 50 mil doses dos Emirados Árabes Unidos, que retomaram as relações diplomáticas com Israel em um acordo assinado no ano passado, e mil doses da Autoridade Palestina.

Enquanto Israel retirou quase todas as restrições que haviam sido impostas para conter a propagação do coronavírus, a Palestina viveu seu pior momento desde o início da pandemia nos meses de março e abril, quando atingiu picos de mais de 2.800 casos por dia.

Atualmente, a média móvel é de 188 infecções diárias, mas a comparação com Israel considerando os tamanhos das respectivas populações evidencia o contraste entre os cenários epidemiológicos dos dois territórios. A Palestina registrou nesta quinta-feira (17) média móvel de 36,85 novos casos de Covid-19 por milhão de habitantes; o mesmo índice em Israel é 1,93.

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