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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O líder chinês, Xi Jinping, pediu nesta segunda-feira (5) ao presidente francês, Emmanuel Macron, e à primeira-ministra alemã, Angela Merkel, a expansão da cooperação entre China e Europa para uma melhor resposta aos desafios globais, informou a CCTV, televisão estatal chinesa.
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Em reunião por videoconferência, Xi também expressou a esperança de que os europeus "desempenhem papel mais ativo em assuntos internacionais, alcancem independência estratégica e ofereçam um ambiente justo, transparente e imparcial para as empresas chinesas".
De acordo com o gabinete de Merkel, os líderes discutiram as relações entre a China e a União Europeia, além de comércio internacional, proteção ambiental e biodiversidade, combate à pandemia, estoque global de vacinas e assuntos regionais e internacionais.
O Palácio do Eliseu, por sua vez, acrescentou que a reunião serviu para calibrar as posições antes de diversas reuniões globais, entre as quais a cúpula COP26, em Glasgow, marcada para novembro, sobre combate ao aquecimento global. Em relação ao comércio, os líderes europeus reafirmaram "as expectativas europeias em relação ao acesso ao mercado chinês e às condições de concorrência leal''.
Os dirigentes europeus afirmaram também que, tendo em conta o sucesso das campanhas de vacinação, as ligações aéreas entre o bloco e a China, afetadas pela pandemia, "devem ser retomadas o mais rapidamente possível, respeitando o princípio da reciprocidade".
Destacaram ainda a "preocupação com a situação dos direitos humanos na China e reiteraram demandas para combater o trabalho forçado". Apesar de não citarem diretamente, o país asiático é acusado de violação de direitos humanos contra a minoria muçulmana uigur, na província de Xinjiang, onde um milhão ou mais foram enviados para campos de doutrinação desde 2017.
Também pesa contra Pequim o aumento da repressão com a aplicação da lei de segurança nacional em Hong Kong, regra que já levou diversos opositores à prisão. Esses assuntos são sensíveis para Pequim, que diversas vezes reiterou se tratarem de questões internas, e o próprio Xi defendeu veementemente a soberania chinesa em seu discurso na comemoração dos cem anos do Partido Comunista Chinês.
Os dois assuntos, inclusive, integraram o mais duro comunicado do G7 em relação à China desde o início do governo de Xi, em 2012. Em uma vitória para o presidente dos EUA, Joe Biden, o documento elaborado após o encontro das potências industrializadas no início de junho também criticava falta de transparência na investigação sobre a origem do coronavírus, a intervenção estatal e práticas comerciais distorcivas.
O líder americano vem imprimindo esforços para conter a influência do país asiático, que investiu nas últimas duas décadas 50 bilhões de euros (R$ 310 bi) no Reino Unido, quase 23 bilhões de euros (mais de R$ 141 bi), na Alemanha, cerca de 16 bilhões de euros (R$ 98 bi) na Itália e 14,4 bilhões de euros (R$ 89 bi) na França. Assim, mesmo com o G7, os europeus buscam uma redução de tensões com a China por meio de reuniões como a desta segunda e de outra realizada em abril, na véspera da Cúpula do Clima de Biden.
Nesse sentido, o South China Morning Post, publicação baseada em Hong Kong, destacou que, falando na Universidade Tsinghua neste domingo (4), o embaixador da União Europeia "pediu que Pequim reveja sanções aos legisladores europeus, um passo para abrir espaço político" -e facilitar a aprovação do acordo sino-europeu de investimentos fechado meses atrás.
Em maio, o Parlamento Europeu suspendeu a ratificação de um novo pacto de investimentos com a China até que Pequim retirasse sanções contra políticos da União Europeia, o que acabou aprofundado a disputa entre os dois lados.