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As gestantes com diagnóstico de infecção pelo Zika vírus estão recorrendo ao aborto clandestino antes mesmo da confirmação se o feto tem ou não microcefalia.
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De acordo com a Folha de S. Paulo, o procedimento custa em clínicas particulares entre R$ 5.000 e R$ 15 mil, dependendo da estrutura e do estágio da gestação.
A reportagem conversou com três médicos que relataram casos de mulheres que já tomaram essa decisão. Segundo os médicos, todas são casadas, têm educação de nível superior, boas condições financeiras e tinham planejado a gravidez, mas se desesperaram com a possibilidade de a criança desenvolver a má-formação.
As grávidas estavam entre a sexta e oitava semana e interromperam a gestação com o misoprostol (Citotec). O medicamento é obtido no mercado ilegal, já que sua disponibilização é limitada a hospitais. A venda é proibida nas farmácias desde 1998.
O infectologista Artur Timerman contou que duas grávidas de São Paulo o procuraram nas últimas semanas com sintomas de zika.
Microcefalia e aborto
A presença do vírus foi confirmada com uma técnica chamada PCR, que pesquisa diretamente no sangue da paciente a presença de material genético do vírus da zika.
"Elas me perguntaram se havia risco de o bebê desenvolver microcefalia. Eu disse que sim, mas não saberia estimar quanto [seria o risco]. A decisão [do aborto] foi delas. Em nenhum momento eu disse faça ou não faça", relatou Timerman. O médico contou que ficou sabendo depois que as pacientes tinham feito o aborto com outros profissionais.
A publicação refere também que ginecologista Ana (prefere não dar o sobrenome), do Nordeste do país, relatou situações semelhantes: três pacientes, após confirmação do zika, decidiram abortar. "Não quiseram esperar para ver", diz a médica.
Recorde-se que, no Brasil, o aborto só é permitido em casos de estupro, risco de vida da mãe e quando o feto é anencéfalo.
O aumento de casos suspeitos de microcefalia associados ao vírus da zika (são 3.448 no país) motivou um grupo de advogados, acadêmicos e ativistas a abrirem uma ação pedindo ao STF (Supremo Tribunal Federal) o direito ao aborto quando há a má-formação.
De acordo com a Folha, é o mesmo grupo que propôs a ação para interrupção da gravidez de anencéfalos, acatada pelo STF em 2012.