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A taxa média de juros das operações contratadas em junho deste ano permaneceu estável no mês em 19,9% ao ano, com aumento de 0,4 ponto percentual em doze meses. Os dados são das Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas hoje (28), pelo Banco Central (BC).
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Para as famílias, a taxa média de juros no crédito livre está em 39,9% ao ano, mesmo índice registrado em maio. Na comparação em 12 meses, houve redução de 1,5 pontos percentuais nessa taxa. Nas contratações com empresas, a taxa livre alcançou 14,5% ao ano em junho, variação negativa de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Em 12 meses, houve aumento de 1,5 pontos percentuais nos juros às empresas.
A queda dos juros bancários médios ocorre mesmo em momento de aumento da taxa básica de juros da economia. Depois de chegar ao menor nível da história no mês de agosto do ano passado, em 2% ao ano, a taxa Selic começou a subir somente em março deste ano, quando avançou para 2,75% ao ano e, no início de maio, foi elevada para 3,5% ao ano. Em junho, subiu para 4,25% ao ano.
No mês, a taxa do cheque especial para as pessoas físicas subiu 2,7 pontos percentuais, chegando a 125,6% ao ano em junho.
Em contrapartida, os juros do rotativo do cartão de crédito cobrados pelos bancos tiveram redução de 2,2 pontos percentuais no mês, alcançando 327,5% ao ano. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias. Após o prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso, no cartão parcelado, houve queda de 0,3 ponto percentual, com a taxa de juros ficando em 164,1% ao ano.
Os juros do crédito pessoal consignado também caíram 0,2 ponto percentual no mês para 18,7% ao ano. Nos empréstimos não-consignados a taxa ficou em 82,4% ao ano em junho, redução de 0,7 ponto percentual em relação a maio.
De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a grande diferença entre as taxas do consignado e não-consignado se deve ao menor nível de garantias sobre o crédito não-consignado. No caso do consignado, a amortização da dívida é deduzida diretamente na folha de pagamento, então os juros ficam menores.
Essas taxas são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo, e é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
No caso do crédito direcionado, a taxa média para pessoas físicas ficou em 6,8% ao ano em junho, alta de 0,1 ponto percentual no mês. Para as empresas, a taxa caiu 0,3 ponto percentual para 7,2% ao ano no mês passado.
A inadimplência (considerados atrasos acima de 90 dias) das famílias, no crédito livre, reduziu 0,1 ponto percentual, para 4%, em junho. Assim como das empresas, na mesma modalidade, que ficou em 1,6%. De acordo com Fernando Rocha, as taxas de inadimplência permanecem nos menores níveis da história.
O endividamento das famílias, relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses, chegou ao recorde de 58,5% em abril, na série histórica iniciada em janeiro de 2005, refletindo o aumento das concessões de empréstimos. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, ficou em 36% no mês.
Já o comprometimento da renda, relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período, ficou em 30,5% naquele mês. Para os últimos dados, há uma defasagem maior do mês de divulgação, pois o Banco Central depende de dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a renda das famílias.
No mês passado, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$ 4,213 trilhões, um aumento de 0,9% em relação a maio. O crescimento em 12 meses da carteira total foi de 16,1%, em maio, para 16,3%, em junho.
O saldo do crédito correspondeu a 52,6% de todos os bens e serviços que o país produz - o Produto Interno Bruto (PIB). Segundo Rocha, o cenário de juros estáveis contribui para o desempenho das operações.
Já o crédito ampliado ao setor não-financeiro, que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos independente da fonte (bancário, mercado de título ou dívida externa) alcançou R$ 12,548 trilhões, crescendo 1,1% no mês e 13,9% em 12 meses.
A variação mensal refletiu crescimentos no mercado doméstico de 0,9% nos empréstimos e financiamentos e de 3,5% nos títulos de dívida. Já a dívida externa caiu 3,2% refletindo a alta cambial de 4,4% no mês. Na comparação interanual, o resultado se deve, principalmente, à elevação da carteira de empréstimos do Sistema Financeiro Nacional em 16,1% e de títulos públicos em 22%.