SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), vem usando as redes sociais para responder indiretamente a declarações do chefe do Executivo com dicas de livros e músicas, postadas semanalmente às sextas-feiras em sua conta pessoal no Twitter.
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Nesta sexta-feira (6), o ministro, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), postou como dicas o livro "O Alienista", de Machado de Assis, que retrata um personagem que considerava todos ao seu redor loucos enquanto, na verdade, ele é quem estava.O magistrado também publicou como pensamento do dia: "Aquilo que falam de mim, não me diz respeito", frase de Mario Quintana. Isso em um momento no qual Barroso tem sido atacado por Bolsonaro quase que diariamente. A outra dica do ministro foi a música "Fixação", do Kid Abelha.
Em um discurso nesta sexta, em Santa Catarina, Bolsonaro atacou Barroso. Depois, em um vídeo compartilhado em redes sociais, o presidente aparece cumprimentando pessoas em Joinville e chamando Barroso de "filho da puta". No trecho, Bolsonaro dá a entender que o ministro teria mandado gente para o local para atacá-lo.
Na sexta-feira da semana passada, as postagens de Barroso seguiram a mesma linha."Dicas da Semana: um livro: A relíquia, Eça de Queiroz. Um pensamento: 'Jamais diga uma mentira que não possa provar', Millôr Fernandes. [Música] Começaria tudo outra vez, de Gonzaguinha."Um dia antes, Bolsonaro havia realizado uma live com profusão de mentiras sobre as urnas eletrônicas e o maior ataque até então ao sistema eleitoral.
No dia 9 de julho, Barroso postou: "Um livro: A ditadura escancarada, de Elio Gaspari. Um pensamento: 'Quando um homem de bem responde um insulto com outro insulto, ele permite que o mal vença. Não é preciso responder. O mal consome a si mesmo'. Uma música: Cálice [Chico Buarque]".
Nos últimos dias, Bolsonaro repetiu falas golpistas e citou a possibilidade de usar armas "fora das quatro linhas da Constituição" em meio à sua cobrança para implantação de voto impresso e à sua ameaça de não serem realizadas eleições em 2022.