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VICTORIA AZEVEDOSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O antropólogo brasileiro Pedro Braum, 38, tinha acabado de chegar ao Haiti para fazer uma pesquisa quando o país foi sacudido pelo fortíssimo terremoto que deixou 200 mil mortos em 2010. Acabou estendendo a estadia dos dois meses previstos para cinco, para se unir aos esforços de reconstrução.
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Braum, que viveu no Haiti desde 2008 entre idas e vindas e de forma definitiva desde 2014 até janeiro, reconhece que houve avanços no enfrentamento de desastres naturais no país desde 2010, como esforços voltados para a melhoria das construções civis, com investimento na formação profissional.
Ele critica, porém, a falta de fiscalização da qualidade dos materiais de construção e a falta de protocolos de como agir nessas situações."Para um país que viveu o terremoto de 2010, tudo que envolve situação de risco e desastre deveria, idealmente, ter sido atacado e revisto", afirma.
Além da experiência de viver a tragédia de perto –com os corpos nas ruas, as pessoas dormindo ao relento por medo de novos tremores, a destruição dos prédios residenciais e do governo–, Braum ficou impressionado com a mobilização dos haitianos naquele momento."As pessoas criaram comitês de bairro, desde as regiões mais pobres às de classe média, que ajudaram muito naquele momento. Houve uma união das pessoas, um esforço gigantesco de mobilização que fez com que as coisas não se tornassem tão graves", segue.
E é isso que ele espera que se repita agora que o país voltou a registrar um forte terremoto, de magnitude 7,2, neste sábado (14).
"As pessoas sempre falam dos problemas do Haiti, da falência do Estado e de seu governo. Mas me impressionou muito, em 2010, essa capacidade de articulação das pessoas. E imagino que isso esteja ocorrendo agora de novo", diz.
O antropólogo lembra que o terremoto será um desafio a mais para o Haiti, que vive um momento conturbado politica e economicamente."Em 2010, bem ou mal, havia ajuda de organizações internacionais. Isso não existe mais. É preciso mobilizar recursos, dar assistência às pessoas e pensar num momento de reconstrução. Não sabemos ainda o tamanho do que aconteceu."