11 de Setembro: 20 anos do ataque que mudou o mundo

O atentado se tornou um dos maiores eventos da história

A fascinante e trágica história do World Trade Center

O World Trade Center (WTC) foi um enorme complexo de negócios que dominava o centro de Manhattan desde sua criação na década de 1970. As principais estrelas do WTC eram as Torres Gêmeas, dois enormes arranha-céus idênticos que ganharam o título de edifícios mais altos do mundo quando foram construídos. Essas torres eram uma incrível façanha da engenharia que muitos acreditavam serem impossíveis de construir. Esses prédios foram palco de muitas acrobacias interessantes e igualmente aterrorizantes e eram um símbolo orgulhoso do sucesso financeiro de Nova York e dos Estados Unidos. Infelizmente, eles foram destruídos por um ataque  t e r r o r i s t a  devastador em 2001 que levou mais vidas do que qualquer outro ataque na história do país.

Clique na galeria a seguir e descubra a história completa do World Trade Center, desde a semente de uma ideia em 1939, até sua destruição em 2001, e finalmente seu renascimento nas décadas seguintes.

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A Feira Mundial de 1939

A ideia da construção do World Trade Center nasceu pela primeira vez na Feira Mundial de Nova York de 1939. Um projeto exibido na feira apresentou a ideia de paz mundial através do comércio, e um de seus organizadores, Winthrop W. Aldrich, estava determinado a trazê-la à vida.

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Winthrop W. Aldrich

Sete anos depois, Aldrich liderou um projeto que visava criar uma exposição comercial permanente em Nova York, mas a ideia foi descartada quando surgiu uma alternativa mais rentável.

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David Rockefeller

No entanto, o sobrinho de Aldrich, David Rockefeller, manteve a ideia de seu tio. Como membro de uma das famílias mais ricas de Nova York, Rockefeller tinha o poder de fazer isso acontecer! Ele decidiu revitalizar Manhattan, com a ideia de Aldrich para o World Trade Center em sua essência.

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Associação Downtown-Lower Manhattan

Em 1959, Rockefeller formou uma associação e lançou um plano de desenvolvimento de US$ 250 milhões. Eles decidiram que o World Trade Center deveria ultrapassar o Empire State Building como o edifício mais alto do mundo.

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Minoru Yamasaki

O arquiteto americano Minoru Yamasaki foi contratado para projetar dois edifícios com 110 andares cada. Yamasaki e sua equipe de engenheiros criaram um projeto revolucionário para fazê-lo funcionar.

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Um design inovador

A maioria dos arranha-céus em Nova York foram construídos empilhando caixas de vidro e aço, mas Yamasaki quis fazer diferente. Ele propôs um projeto de dois tubos ocos apoiados por um anel externo de colunas de aço. Estruturas metálicas chamadas treliças em cada andar conectavam essas colunas ao núcleo central do edifício. Era quase como se os arranha-céus tivessem uma pele exterior.

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Medo e crítica

A construção começou em 1967, após grande resistência e críticas de outras figuras poderosas de Nova York. Eles achavam que era impossível criar um prédio tão seguro. O magnata imobiliário Lawrence Wien até pagou por um anúncio de TV que dizia que aviões colidiriam com um prédio tão alto.

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O acidente de avião de 1945

Este medo foi baseado no fato de que um avião de pequeno porte tinha caído no Empire State Building em 1945 devido à espessa neblina. Muitos temiam que um incidente semelhante ocorresse com as Torres Gêmeas em condições climáticas ruins. Um ataque proposital nunca foi sequer considerado! Como resultado desse risco, o World Trade Center foi construído para resistir a uma colisão com um avião 707, o maior avião que existia na época.

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Encontrando as fundações

Para construir no local escolhido em Manhattan, os engenheiros tiveram que cavar 21 metros no chão para encontrar rochas. Eles então jogaram uma gaiola de aço com tamanho equivalente a sete andares e que pesava 22 toneladas no buraco e encheram-na com concreto para criar a fundação do edifício.

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Os materiais

Os materiais usados para construir as torres incluíam 200.000 peças de aço, 4.828 km de fio elétrico, 324.936 metros cúbicos de concreto, 40.000 portas, 43.600 janelas e 24.281,13 m² de mármore.

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Os elevadores

Cada torre tinha 97 elevadores de passageiros. Cada elevador poderia transportar 4.535 kg de trabalhadores!

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Os toques finais

Tendo começado a construção em 1967, o último pedaço de aço foi adicionado à torre norte em 23 de dezembro de 1970. O trabalho nas torres continuou até 1973. Eles adicionaram características mais espetaculares, como a praça ao ar livre com mais de 20 mil metros quadrados que tinha uma escultura esférica de 8 metros de altura de Fritz Koenig.

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O dia da inauguração

O World Trade Center foi oficialmente inaugurado com uma cerimônia de corte de fita em 4 de abril de 1973. O governador Nelson Rockefeller, irmão de David Rockefeller, fez um discurso apaixonado: "Não é sempre que vemos um sonho se tornando realidade. Hoje, nós temos."

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A Torre Sears

As torres do World Trade Center tinham 415 metros de altura. Elas foram os edifícios mais altos do mundo por menos de um ano. A Torre Sears, em Chicago, foi concluída no mesmo ano, batendo o World Trade Center por menos de 30 metros.

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Inspiração para audaciosos

Embora não tenha mantido o posto de prédio mais alto do mundo por muito tempo, ainda era um feito incrível da engenharia humana. A escala surpreendente inspirou vários acrobatas e alpinistas qualificados a realizar acrobacias incríveis.

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Philippe Petit

O mais famoso foi o artista Philippe Petit em 1974. Ele e seus companheiros invadiram o World Trade center e montaram uma corda bamba entre as duas torres. Petit atravessou sem nenhum equipamento de segurança. O documentário vencedor do Oscar de 2008 'O Equilibrista' conta a incrível história.

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George Willig

Outro que ficou famoso fazendo coisas perigosas foi George Willig. Ele ganhou o nome de "A Mosca Humana" quando escalou a torre sul com dispositivos de escalada caseiros em 1977.

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Um sucesso estrondoso

As torres eram altamente rentáveis como espaço de escritórios, ganhando US$ 204 milhões em 1983. Empresas menores estavam sendo expulsas pelo aumento dos aluguéis e grandes empresas estavam se mudando pra lá.

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O ataque de 1993

A primeira grande tragédia que ocorreu no World Trade Center foi em 1993. Um ataque foi feito no prédio quando  t e r r o r i s t a s  entraram no estacionamento subterrâneo com uma bomba poderosa num caminhão. Eles a detonaram, matando seis pessoas e ferindo mais de mil.

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Medidas de segurança renovadas

A explosão causou US$ 600 milhões em danos, mas o prédio manteve sua integridade estrutural. Foi reaberto 20 dias após o ataque com novas medidas de segurança.

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Setembro de 2001

Em setembro de 2001, o edifício havia atingido 99% de ocupação de seus 966.192 metros quadrados. Todos os dias, 50 mil funcionários trabalhavam nas torres e outros 40 mil visitantes passavam por lá.

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11 de setembro de 2001

Em 11 de setembro, às 8h45, um Boeing 767 da American Airlines colidiu com a torre norte perto do 80º andar. Ele estava abastecido com 20.000 galões de combustível de jato, o que contribuiu para o enorme incêndio que destruiu os andares ao redor do local do acidente. Matou centenas de pessoas instantaneamente e prendeu muitas mais nos andares acima.

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O segundo avião

A evacuação começou e tudo parecia ser um acidente grotesco, até que o segundo avião atingiu a segunda torre 18 minutos depois. A torre sul foi atingida perto do 60º andar, prendendo ainda mais pessoas nos andares acima.

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Mais dois ataques

Ficou claro que um ataque coordenado estava acontecendo, já que outros dois aviões, além dos que atingiram o World Trade Center, haviam sido sequestrados. Um avião caiu no Pentágono. Mas o famoso voo 93 foi desviado graças aos seus passageiros heroicos, que lutaram contra os sequestradores e sacrificaram-se para evitar outro ataque. Eles recuperaram o controle do avião e o bateram num campo rural.

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A resposta de emergência

Os serviços de emergência de Nova York responderam aos ataques às Torres Gêmeas e ajudaram 25.000 pessoas a escapar. Os bombeiros e policiais se arriscaram demais e sofreram enormes perdas para ajudar aqueles que estavam nos edifícios em chamas. Quase 3 mil pessoas morreram. Quatrocentas delas eram policiais e bombeiros.

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O desabamento das torres

Os incêndios que se alastravam pelas torres danificaram a estrutura do núcleo a tal ponto que ambas desabaram aproximadamente uma hora após serem atingidas. Isso destruiu e incendiou grande parte do restante do complexo do World Trade Center. Às 10h28 daquele dia, uma das estruturas arquitetônicas mais impressionantes do mundo havia sido reduzida a cinzas.

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Problemas de saúde a longo prazo

Foi o ataque mais mortal que já ocorreu em solo americano. Além da perda inicial de vidas, milhares de pessoas que viviam e trabalhavam perto do Marco Zero tinham sido expostas a vapores tóxicos. Até 2018, dez mil pessoas haviam sido diagnosticadas com câncer relacionado ao ataque de 11 de setembro.

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Preservação do fundo das vítimas

Bilhões de dólares foram pagos em apoio e compensação aos afetados pelos ataques e, em 2019, o Senado dos EUA aprovou uma lei garantindo que o Fundo de Compensação de Vítimas do 11 de setembro seria financiado indefinidamente.

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O memorial 11 de setembro

O World Trade Center Site Memorial foi inaugurado em 2011, com cachoeiras em cascata onde ficavam as torres, cercadas por placas gravadas com os nomes de todas as 2.983 vítimas.

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Freedom Tower

A dolorosa lacuna deixada no horizonte de Nova York foi eventualmente preenchida pela The Freedom Tower, um edifício de 94 andares ainda mais alto que as Torres Gêmeas. Agora é conhecido como One World Trade Center.

Fontes: (History 1 and 2) (DoSomething)

Veja também: As previsões inacreditavelmente precisas de Nostradamus

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Mundo Nova york 11/09/21 POR Notícias Ao Minuto Brasil


Lá se vão 20 anos de um dos dias mais fotografados, filmados e comentados da história da humanidade. Quando uma das duas torres do World Trade Center foi atingida por um avião com 92 pessoas a bordo, toda a imprensa mundial interrompeu o que estava fazendo e voltou suas atenções para Nova York. No horário de Brasília, adiantado uma hora em relação ao epicentro dos acontecimentos, os relógios marcavam 9h46. Menos de 20 minutos depois, a outra torre se tornou alvo de um segundo avião, com 65 passageiros a bordo. 

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 Muitas pessoas que nasceram nas décadas de 1960, 1970 e 1980 ou mesmo no início da década de 1990 costumam se lembrar com exatidão do que estavam fazendo naquele 11 de setembro de 2001 quando tomaram conhecimento do que se passava. Em todo o mundo, onde houvesse uma televisão ligada, havia uma reunião de pessoas intrigadas com as cenas: cada uma das duas torres em chamas demoraria cerca de uma hora para ir ao chão depois de atingida. Com a queda dos edifícios, que funcionavam como um complexo comercial, quase 3 mil pessoas perderam suas vidas. Uma nuvem de poeira se formou por quilômetros.

O atentado se tornou um dos maiores eventos da história.

"Faço uma associação curiosa porque eu cresci escutando meus pais e meus avós falando onde estavam quando o homem pisou na Lua. E eu lembro exatamente do 11 de setembro de 2001. Estava fazendo estágio em uma empresa, entrou na sala uma pessoa falando que havia tido um acidente com um avião em Nova York. Ainda não se tinha ideia de que era um ataque. Nós corremos para a televisão e vimos ao vivo o segundo avião se chocando com o edifício", diz Jorge Lasmar, especialista em Relações Internacionais e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).

Ao todo, quatro aviões comerciais foram sequestrados por terroristas. Além dos dois direcionados ao World Trade Center, um foi jogado contra o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos localizado na capital Washington. O último acabou caindo na zona rural de Shanksville, no estado da Pensilvânia. Especula-se que o alvo poderia ser o Capitólio, sede do Congresso, ou a Casa Branca, residência oficial do presidente do país.

Os desdobramentos são bastante conhecidos: a Al Qaeda assumiu a autoria do atentado e, no mês seguinte, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, onde a organização terrorista estaria abrigada. O país era comandado na época pelo Talibã, um grupo fundamentalista que aplica sua interpretação da Sharia, a lei islâmica. Após duas décadas, o governo norte-americano decidiu encerrar a ocupação e, no mês passado, o Talibã retomou o controle do Afeganistão, quando as tropas dos Estados Unidos estavam organizando sua retirada. O então presidente afegão Ashraf Ghani, eleito em 2014 e reeleito em 2019, não ofereceu resistência ao Talibã e fugiu do país.

Apesar da cronologia dos acontecimentos ser de domínio público, muitos aspectos ainda são debatidos por especialistas. São questões que vão além da superficialidade dos fatos e envolve os seus efeitos.

“Não há dúvida de que o mundo que a gente vive hoje foi consequência do que aconteceu", afirma Jorge Lasmar.

"No final da década de 1990, caminhávamos para a consolidação de uma atmosfera mais liberal no sentido capitalista, com os Estados abrindo suas fronteiras e seus mercados e com relações mais pacíficas entre os países. De repente, isso mudou. Começou a haver contestações à visão americana, sobretudo pela Rússia e pela China. As fronteiras ficaram mais fechadas. A questão do uso da força voltou a ser um componente nas relações internacionais. E tivemos um avanço do terrorismo. Mesmo com a redução dos ataques e das mortes nos últimos anos, os números hoje ainda são muito mais altos do que eram antes de 2001", completa.

Ele pondera, no entanto, que o mundo não deve ser analisado somente pela ótica de um evento. “Muita coisa aconteceu de lá pra cá. Há efeitos, mas estamos hoje numa situação mais complexa e delicada”, avalia.

Como desdobramento do atentado, uma série de leis aprovadas em torno da palavra de ordem “guerra ao terror” reduziram a liberdade e a privacidade de cidadãos nos Estados Unidos, especialmente de estrangeiros. A Europa também seguiu essa tendência. Foram definidos, em todo o mundo, novos mecanismos e protocolos de controle nos aeroportos: revista mais minuciosa das bagagens, uso de detector de metal, restrição a líquidos na mala de mão. A tecnologia foi aprimorada para aprofundar o monitoramento, com scanners corporais, detectores de explosivos e outros equipamentos.

“Assim como o final da Guerra Fria inaugurou uma nova era nas relações internacionais, o atentado de 11 de setembro também simbolizou uma ruptura na forma como se analisava a segurança internacional. A ideia de inimigo transacional, desterritorializado e que pode causar um caos e muitas mortes sem ter o domínio de armas bélicas sofisticadas trouxeram novos parâmetros para o planejamento de segurança dos Estados, reforçando a importância da cooperação internacional”, observa a cientista política Ariane Roder, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo Thiago Rodrigues, pesquisador em relações internacionais e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), o desenvolvimento da tecnologia de segurança colocado em marcha após o 11 de setembro gerou e continua gerando mecanismos de controle das populações, como a biometria e os variados dispositivos para monitoramento do espaço urbano.

"Quem começou a viajar nos últimos 20 anos, principalmente as pessoas mais jovens, não sabe como era antes. Hoje temos diversas camadas de controle, que vão desde a emissão de vistos até as revistas rigorosas nos aeroportos. Mas com exceção dos grupos capturados na iminência de um atentado, não dá pra saber exatamente quantos ataques foram inibidos por essas medidas de segurança. Então os efeitos realmente mensuráveis não são os efeitos sobre os terroristas, mas sobre nós. Mesmo que o terrorismo sumisse hoje, essas tecnologias criadas em nome do combate ao terrorismo não seriam abandonadas", avalia.

Jorge Lasmar considera que o terrorismo exige que o mundo se mantenha vigilante. “A gente continua tendo atentados e algumas dessas regras conseguem impedir novos ataques.”

No entanto, ele também vê efeitos colaterais que decorrem desse ambiente de controle, como a construção de muros entre os países. “As fronteiras do mundo estão mais fechadas. Temos mais fronteiras físicas entre os Estados do que tínhamos depois da Segunda Guerra Mundial. Há a questão dos refugiados e as dificuldades para o reconhecimento de asilo. A exigência de vistos diante do fluxo de pessoas."

Em meio a toda essa vigília das populações, os pesquisadores veem um fortalecimento dos estereótipos contra imigrantes provenientes de países considerados como uma ameaça aos valores ocidentais, como a democracia e a liberdade individual.

"Isso tem gerado um outro tipo de extremismo, que tem motivação étnica. Está ligado aos movimentos de supremacia branca, que se alimentam dessa retórica estereotipada contra as pessoas do Oriente Médio. É algo que cresceu muito nos últimos anos no mundo ocidental. E ainda se fala pouco disso. Ainda há um pudor em reconhecer esses grupos como grupos. Mas fechar os olhos para essa questão é um problema, porque esse movimentos vão ganhando força", observa Lasmar.

O atentado também revelou sofisticações nos modos de operar de grupos terroristas. Um aspecto que chama a atenção foi a dificuldade encontrada para localizar Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda e apontado como o idealizador dos ataques. Mesmo empregando a mais avançada tecnologia, foram necessários quase 10 anos para que as forças norte-americanas o localizassem. Sua morte foi anunciada em maio de 2011.

A guerra ao terror se desdobrou em outras ações militares como a ocupação do Iraque em 2003, país que era comandado por Saddam Hussein desde o final da década de 1970. Na época, Estados Unidos e Inglaterra diziam deter provas de que o país guardava um grande arsenal de armas de destruição em massa que representava um perigo à população mundial. Saddam foi enforcado em 2006, mas as armas nunca foram encontradas. Os dois governos que lideraram a ocupação afirmaram, posteriormente, que confiaram em informações que se mostraram falsas.

As incursões militares no Oriente Médio não eliminaram os grupos terroristas. Nos últimos anos, o Estado Islâmico tem se tornando uma peça-chave nos conflitos que se desdobram na região, sobretudo na Síria, no Iraque e no Afeganistão.

A retomada do poder do Talibã no Afeganistão, na visão de Ariane Roder, retrata a ineficácia do uso de instrumentos clássicos de guerra para lidar com a situação. Segundo ela, as soluções requerem muito mais do que o uso da força.

Ela também observa que há uma dimensão de resistência cultural que alimenta os grupos terroristas. "A utilização realizada por alguns grupos terroristas da religião extremista como instrumento de aliciamento e construção do poder causou um distanciamento ainda maior entre culturas do Ocidente e Oriente, com desconfianças, preconceitos e desrespeitos", acrescenta.

Para Jorge Lasmar, os Estados Unidos apostaram equivocadamente em um investimento maciço de propaganda sobre sua própria sociedade. 

"Buscaram disseminar os valores americanos. Mostraram como a democracia ocidental é legal, como a vida no país é legal, como a liberdade não comporta o terrorismo. Mas muito disso não foi bem recebido não só no mundo muçulmano, mas em todo o mundo oriental. Era uma cultura exógena. E há outros caminhos. Diversos líderes muçulmanos são capazes de mostrar que não há nada na religião islâmica que legitime o terrorismo."

No Brasil, na véspera dos Jogos Olímpicos sediados pelo Rio de Janeiro em 2016, foi aprovada uma Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/2016). Havia um temor de que se repetissem cenas ocorridas dois anos antes, na Copa das Confederações de 2014, quando uma forte onda de manifestações resultou em cenas de violência e assustou turistas. Foi definida como terrorismo qualquer ação motivada por razões de xenofobia, racismo, etnia e religião, que tenha por objetivo causar terror social a partir do uso, transporte ou armazenamento de explosivos; gases tóxicos; conteúdos químicos, biológicos e nucleares; ou outros meios que possam promover a destruição em massa.

Essas ações podem envolver sabotagem ou ameaça em meios de transporte, portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares e instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias.

Segundo Thiago Rodrigues, a lei incorpora uma perspectiva de terrorismo disseminada de forma global. "Em parte, é resultado de uma pressão que tem a ver com o 11 de setembro. É uma pressão que vem do Comitê Olímpico Internacional, de alguns países específicos como os Estados Unidos e também do capital privado que investe e patrocina os eventos esportivos. Houve uma cobrança por medidas afinadas com as expectativas de países mais envolvidos na guerra contra o terrorismo".

Ao mesmo tempo, ele observa a presença de outros componentes que não têm relação com o 11 de setembro. “Há outra parte que tem mais a ver com o nosso ambiente político. Há muitos anos de pressão de segmentos da sociedade e de uma ala do Congresso para se ter um maior controle de movimentos sociais consolidados no país. E a lei é ambígua o suficiente para deixar brechas. Dependendo da interpretação, pode ser usada para tentar criminalizar movimentos sociais."

Jorge Lasmar vê pontos positivos e lacunas no texto da Lei Antiterrorista. "Caminhou numa direção certa de não de designar terroristas e, sim, atos terroristas. Há um excludente explícito dizendo que movimentos sociais não podem ser caracterizados com grupos terroristas. Pode-se até discutir se isso seria redundante, mas as legislações antiterroristas possuem um alto custo social, que pode ensejar maior militarização da polícia e aumento de força do Poder Executivo, o que faz com que esse tipo de resguardo seja positivo. Mal não faz. Movimento social não tem nada a ver com terrorismo", explica.

"Mas o conceito de ato terrorista no artigo 2º o vincula a uma motivação de discriminação racial, étnica, religiosa. Isso pode ser problemático porque existe um terrorismo político onde não há essa instância de discriminação", completa o especialista.

*Com informações da Agência BRasil

 

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