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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Roberto Carlos se lembra de Ronaldo entrar no quarto que dividiam na concentração do Corinthians. O atacante ficou espantado porque o lateral trocava o tempo inteiro de canal, a procurar partidas de futebol para ver.
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"Ele perguntava por que eu ficava vendo aquilo. O Ronaldo na época já tinha outros interesses", contou, se referindo à temporada de 2010.
Esses interesses estavam no mundo empresarial. Ronaldo completa 45 anos nesta quarta-feira (22), uma década após ter se aposentado, como o jogador brasileiro (à exceção de Pelé) que mais teve sucesso como homem de negócios. O goleador três vezes eleito melhor do mundo se preparou para ser empresário e quer desbravar novos nichos de mercado.
Em 2013, ele passou alguns meses em Londres para fazer estágio com Sir Martin Sorrell, presidente da WPP, uma das maiores empresas de publicidade do planeta, avaliada em R$ 35 bilhões. Sorrell tinha participação na 9ine, agência aberta pelo atacante no Brasil quando ainda jogava pelo Corinthians.
Era época em que Ronaldo já azeitava contratos de patrocínio para outros clubes, por meio de sua empresa, e gerenciava carreira de outros esportistas.
Um dos contratos foi o da Hypermarcas com o próprio Corinthians. Ao perceber o poder das redes sociais, ele foi um dos primeiros nomes famosos do mundo do futebol a fazer parceria com uma empresa privada para sua conta no Twitter. O acordo era com a Claro.
Hoje em dia ele está à frente da ODDZ Network, holding de empresas que quer unir esporte, tecnologia e entretenimento, e prepara projetos no mercado de dados, e-sports, gestão, experiências esportivas e produção de conteúdo audiovisual.
Um dos principais planos é o Futebol Experience, de 8 a 12 de novembro deste ano. Com conteúdo virtual e gratuito, o torcedor poderá interagir com ex-jogadores como Kaká, Cafu, Zico, o alemão Podolski, dirigentes, profissionais do mercado e com o próprio Ronaldo.
O atacante também tem uma ONG, a Fundação Fenômenos, e a R9 Gestão Patrimonial e Financeira, para atletas de alta performance.
Sua ligação com o futebol está no Valladolid, clube espanhol comprado por ele em setembro de 2018 por cerca de 30 milhões de euros (R$ 195 milhões em valores atuais). Mesmo de férias, Ronaldo é informado sobre tudo o que acontece na equipe por Matthieu Fenaert, CEO da equipe.
"[Ronaldo tem] Toda influência. Eu me surpreendi muito. Temos reuniões diárias e ele fica a par de tudo. Mesmo quando está de férias, recebe um relatório todos os dias de manhã. Ronaldo sabe de tudo o que é decidido", afirmou Fenaert ao jornal Folha de S.Paulo em 2019.
Nem tudo é um mar de rosas. Neste ano, o pentacampeão mundial com a seleção foi alvo de protestos de torcedores do Valladolid após o rebaixamento da equipe para a segunda divisão do Espanhol. Faixas culpando-o pela queda foram colocadas nas proximidades do estádio José Zorrilla.
Ronaldo vive intensamente o dia a dia do clube e se divide entre suas casas em Valladolid e Madri. A preocupação não é apenas com os resultados em campo, mas com o que acontece fora dele. Uma das prioridades, a ampliação da Cidade Desportiva, o centro de treinamento da equipe, teve neste mês nova rodada de negociações com a prefeitura local.