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A má alimentação é um dos fatores que podem influenciar o aparecimento de doenças ao longo da vida, inclusive diferentes tipos de câncer.
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Por isso, estimular que as crianças comam de maneira balanceada é dever, não apenas dos pais, mas de toda a sociedade.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), entre 30% e 50% dos cânceres podem ser prevenidos com hábitos saudáveis –por exemplo, ter uma alimentação balanceada, praticar atividades físicas e evitar o uso de álcool e cigarro.
Uma dieta baseada em alimentos com alto índice de açúcar e gordura, como refrigerantes e biscoitos, é muito prejudicial ao corpo porque pode alterar a capacidade de absorção dos nutrientes, explica Virgínia Resende Silva Weffort, presidente do departamento científico de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Na opinião da médica, é importante olhar para a saúde da criança desde antes do nascimento, investindo em uma alimentação balanceada durante o período de gestação e de aleitamento. "Quanto mais tempo a mãe puder amamentar, melhor", afirma.
"A saúde infantil, muitas vezes, não é vista como prioridade", diz a nutricionista Elisa Mendonça, analista de saúde no Instituto Desiderata, organização que promove ações de melhoria na saúde infantojuvenil. Ela afirma que promover a saúde da criança passa pela adoção de políticas públicas para a criação de ambientes que estimulem hábitos saudáveis em escolas e empresas.
A campanha Quem Quer Prevenir a Obesidade Infantil Levanta a Mão, apoiada pelo instituto, defende o projeto de lei 1662/2019, em pauta na Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro. A iniciativa propõe a criação de salas para a coleta de leite materno nas empresas e impede que estabelecimentos comerciais deixem alimentos que contenham alto índice de açúcar, como doces e balas, ao alcance das crianças pequenas –eles devem ficar em prateleiras com mais de 1,5 m.
Em 2019, a pesquisa Crianças Brasileiras, feita pelo Instituto Locomotiva, apontou que 9 em cada 10 pais são influenciados pelos filhos quando estão no supermercado. Além disso, 70% dos entrevistados afirmam que gastam mais quando estão com as crianças, e 30% dizem que sempre vão às compras na companhia dos filhos.
Para Maria Góes de Mello, responsável pela iniciativa Criança e Consumo, do Instituto Alana, proteger as crianças do excesso de estímulos consumistas, como a publicidade infantil, também é zelar por uma alimentação saudável.
Ela afirma que as crianças estão em desenvolvimento progressivo e que "não são miniadultos". Segundo a especialista, o tipo de estímulo gerado pela publicidade de guloseimas e alimentos ultraprocessados pode ocasionar hábitos prejudiciais –muitas vezes difíceis de serem revertidos no futuro.