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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do PSD, Giberto Kassab, disse ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça-feira (5) que o seu partido terá candidatura própria em 2022 e, por isso, não participará de aliança com o petista, provável candidato a presidente no ano que vem.
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"Eu estive lá, entendo que foi um convite para que o diálogo se mantivesse, portas para algum entendimento no futuro, mas que não passa por essa eleição porque nós vamos ter candidato próprio", afirmou Kassab ao jornal Folha de S.Paulo.
O dirigente partidário contou que disse a Lula que já convidou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para se filiar ao PSD com o intuito de se candidatar à Presidência e que aguarda a resposta do senador.
De acordo com Kassab, Lula disse que entende que o PSD cresceu e respeita a decisão do partido. A conversa entre os dois durou pouco menos de uma hora, segundo relatos.
Lula convidou o dirigente para um café na tentativa de atrair o PSD para uma aliança com o objetivo de sinalizar ao eleitorado de centro.
O petista está em Brasília desde domingo (3) para uma série de reuniões e eventos políticos. Nesta terça, além do encontro com Kassab, esteve com as cúpulas de PSB, PSOL e PC do B.
Com o PSB, ainda pela manhã, Lula reafirmou que o PT apoiará o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) na disputa pelo Governo do Rio de Janeiro.
"Ele [Lula] disse claramente que no Rio de Janeiro o candidato dele sou eu, o que para mim é ótimo. Nós conversamos sobre diversos estados. A ideia é que a gente possa amadurecer a situação nos lugares", disse Freixo à reportagem.
O teor da conversa foi confirmado por petistas que também estavam presentes. O PSB discutiu com Lula a situação de ao menos cinco estados onde a sigla pretende lançar candidatos: Rio de Janeiro, Acre, São Paulo, Pernambuco e Espírito Santo.
Lula sinalizou que pode apoiar os atores do PSB que entrarem nas disputas nesses locais em troca do apoio nacional. Os casos mais sensíveis são Pernambuco e São Paulo, onde o PT também pode ter pré-candidaturas.
A deputada Marília Arraes (PT-PE) quer se candidatar ao governo pernambucano. Lula, porém, já indicou que vai priorizar a disputa nacional sobre a local no estado.
O ex-presidente pediu, porém, que o PSB defina logo quem será o candidato pernambucano. O nome mais cotado é o ex-prefeito do Recife Geraldo Julio.
Com o PSOL, Lula não discutiu especificidades eleitorais nem entrou na seara de apoio a estados.
De acordo com a líder do partido na Câmara, Talíria Petrone (PSOL-RJ), a conversa girou em torno de temas mais amplos, como a necessidade de construir uma unidade da esquerda contra Jair Bolsonaro e reforçar atos pelo impeachment do presidente.
"Discutimos um pouco a situação no Brasil. A necessidade de construírmos uma unidade de ação, seja nas manifestações, seja por ampliar o debate pelo impeachment na Câmara", disse a deputada.
O PSOL definiu em congresso realizado recentemente que sua prioridade é construir uma unidade de partidos que possam derrotar Bolsonaro.
A definição final sobre se a sigla lançará candidatos ou apoiará Lula –tendência atual– será tomada em convenção da legenda no início de 2022.
À noite, Lula ainda se reuniu com a cúpula do PC do B, que também deve apoiá-lo no ano que vem.
Nesta quarta-feira (6), ainda na série de encontros que tem em Brasília, o petista jantará na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), que presidiu o Senado no biênio 2017-2018. Vão participar do encontro quadros relevantes do MDB, como o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o líder do partido no Senado, Eduardo Braga (AM).
Nesta segunda-feira (4), em encontro com integrantes da bancada do PT no Congresso, Lula pediu empenho para que o número de parlamentares petistas cresça nas eleições de 2022 e dê sustentação a um eventual governo seu.
O ex-presidente se reuniu por aproximadamente quatro horas com deputados e senadores em Brasília.
Quem esteve com Lula diz que ele está otimista com relação às eleições. A mais recente pesquisa Datafolha mostrou que a corrida presidencial está estagnada, com o petista mantendo larga vantagem sobre Bolsonaro na dianteira da disputa.
Comparado ao último levantamento, Lula oscilou de 46% para 44% e Bolsonaro, de 25% para 26%, numa hipótese em que o candidato do PSDB é João Doria, que passou de 5% para 4%.
Nesse cenário, Ciro Gomes (PDT) segue em terceiro (de 8% para 9%), oscilações dentro da margem de erro.
O petista foi de 46% para 42%, e Bolsonaro se manteve em 25%, na simulação em que o nome do PSDB é Eduardo Leite, que oscilou de 3% para 4%. A diferença no cenário com o gaúcho é que Ciro foi de 9% para 12%.