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Os talibãs teriam uma "lista de morte" para homossexuais. A denúncia parte de Kimahli Powell, chefe da Rainbow Railroad, uma ONG canadense que tem ajudado afegãos a fugir do Afeganistão, numa entrevista feita por telefone à FRANCE24.
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De acordo com Powell, apesar de a comunidade LGBT + nunca ter tido uma vida fácil no país, a situação piorou com a tomada do poder dos talibãs em agosto deste ano.
Relações entre pessoas do mesmo sexo são tabu no país maioritariamente muçulmano. Mesmo antes de os talibãs tomarem o poder, as relações homossexuais eram ilegais e podiam levar a até dois anos de prisão.
Com os talibãs no controle, a situação pode agravar-se e chegar mesmo a ser punida com a morte. Os talibãs ainda não se pronunciaram sobre este assunto em particular, mas, de acordo com relatórios, tudo indica que irão aplicar uma interpretação estrita da lei Sharia (lei islâmica). Segundo esta lei, relações entre pessoas do mesmo sexo é punida com pena de morte.
“Este é um momento realmente assustador para estar no Afeganistão”, disse o Diretor Executivo da Rainbow Railroad.
“Sabemos com certeza que os talibãs têm uma 'lista de morte' circulando, onde identificam pessoas LBTQI +.”
Segundo Powell, os talibãs usaram dias e semanas que antecederam o prazo de retirada dos EUA para fazer estas "listas de morte".
“Após a queda de Cabul, houve uma grande partilha de informações”, disse, observando que as pessoas homossexuais que nunca chegaram a bordo de nenhum dos voos de partida do Afeganistão ficaram vulneráveis, com as suas identidades expostas.
“[Alguns] Indivíduos que entraram em contato conosco e nos contaram que receberam um e-mail misterioso de alguém que afirma estar ligado à Rainbow Railroad onde pedia informações e passaporte. Foi assim que soubemos que a informação foi divulgada”, esclarece Powell.
A Rainbow Railroad foi fundada em 2006 e é a única organização LGBT + internacional no Afeganistão.