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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-ministro Sergio Moro rebateu nesta quinta-feira (4) declarações dadas por Jair Bolsonaro (sem partido) durante interrogatório à Polícia Federal. O presidente foi ouvido na quarta (4), no Palácio do Planalto, sobre a acusação de interferência política dele na corporação.
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Bolsonaro negou interferência e afirmou que trocou seu comando por uma questão de diálogo. Disse ainda que Moro teria concordado com a nomeação do delegado Alexandre Ramagem, atualmente na direção da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), para o comando da PF desde que isso ocorresse após sua indicação para vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em reação, o ex-juiz da Lava Jato afirmou que "jamais" condicionou troca a uma eventual indicação. "Não troco princípios por cargos. Se assim fosse, teria ficado no governo como ministro", afirmou, em nota enviada por sua assessoria de imprensa.
"Aliás, nem os próprios ministros do governo ouvidos no inquérito confirmaram essa versão apresentada pelo presidente da República. Quanto aos motivos reais da troca, eles foram expostos pelo próprio presidente na reunião ministerial de 22 de abril de 2020 para que todos ouvissem."
Bolsonaro é suspeito de interferir na cúpula da corporação para proteger parentes e aliados, suspeita levantada pelo então ministro da Justiça Sergio Moro em abril do ano passado, quando pediu demissão do cargo justamente por causa das alegadas interferências do presidente.
Em nota, o advogado Rodrigo Sánchez Rios, representante de Moro, disse que a defesa foi surpreendida pela notícia de que o presidente prestou depoimento "sem que a defesa do ex-ministro fosse intimada e comunicada previamente".
Isso, segundo o advogado, impediu seu "comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes, nos moldes do que ocorreu por ocasião do depoimento prestado pelo ex-ministro em maio do ano passado".
Leia a íntegra da nota enviada pela assessoria de Moro:
"Sobre o depoimento do Presidente da República no inquérito que apura interferência política na Polícia Federal, destaco que jamais condicionei eventual troca no comando da PF à indicação ao STF. Não troco princípios por cargos. Se assim fosse, teria ficado no governo como Ministro. Aliás, nem os próprios Ministros do Governo ouvidos no inquérito confirmaram essa versão apresentada pelo Presidente da República. Quanto aos motivos reais da troca, eles foram expostos pelo próprio Presidente na reunião ministerial de 22 de abril de 2020 para que todos ouvissem. Também considero impróprio que o Presidente tenha sido ouvido sem que meus advogados fossem avisados e pudessem fazer perguntas."