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MACEIÓ, AL (UOL/FOLHAPRESS) - Um homem morreu em Natal horas após ter atendimento negado no maior hospital público do estado, o Walfredo Gurgel. Logo após a recusa, José Williams Rocha, 56, gravou um vídeo lamentando não ter sido atendido, no início da tarde de sexta-feira (5).
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No vídeo, ele aparece na porta do hospital, por volta das 14h30. "Eu aqui com dor no peito, enfartando, já corri e nem táxi tem para me prestar socorro", lamentou.
O registro foi divulgado por uma filha dele, nas redes sociais. Ela afirmou que encontrou as imagens no celular de Williams após a sua morte.
Depois de não ser atendido no Walfredo Gurgel, ele ligou para a esposa, que foi ao local e o levou ao Hospital dos Pescadores, também em Natal, onde ele teve duas paradas cardíacas e morreu após 40 minutos de tentativas de reanimação.
Williams teve o corpo enterrado no sábado (6), no cemitério de Nova Descoberta, na capital potiguar.
Segundo o jornal Tribuna do Norte, ele tinha problemas cardíacos e já havia passado por uma angioplastia em 2019.
O caso gerou revolta. Em resposta, a governadora Fátima Bezerra (PT) publicou em seus perfis nas redes sociais que determinou uma apuração rígida do porquê da recusa ao atendimento.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública anunciou que já foi aberta uma sindicância "para que se faça uma apuração aprofundada dos fatos, a fim de que sejam tomadas as providências cabíveis."
A pasta acrescentou que a rede de atenção às urgências e emergências é constituída de diferentes "portas de entrada", o que inclui UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento), UBSs (Unidades Básicas de Saúde), portas hospitalares de urgência e emergência, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), SAD (Serviço de Atendimento Domiciliar), leitos de retaguarda e sala de estabilização, entre outros.
A secretaria explicou que cada uma dessas unidades tem um "perfil específico, que é pactuado e aprovado nas instâncias deliberativas do SUS."
"Todos os municípios e serviços conhecem os fluxos assistenciais de acesso, desenho da rede e complexidade dos serviços. Os casos de complexidade intermediária normalmente são encaminhados para as UPAs ou os pontos de atendimento dos municípios. Quando há necessidade, podem ser encaminhados para um hospital da rede de saúde, onde são realizados procedimentos de alta complexidade", afirmou.
No caso do paciente que morreu, a secretaria disse que ele foi encaminhado para o Hospital dos Pescadores, "que possui o perfil adequado para ofertar o atendimento que o mesmo necessitava, conforme o fluxo assistencial do SUS."
A direção do hospital e da secretaria ainda lamentaram a morte do paciente, "ao mesmo tempo em que se solidarizam com a família do paciente, colocando-se à inteira disposição da mesma para fornecer mais esclarecimentos que se fizerem necessários."