Em Interlagos só podem entrar vacinados e Bolsonaro não está, diz Doria

A vacinação é uma das exigências a todos que estiverem no evento, de acordo com o protocolo da organização

© Getty Images

Esporte JOÃO-DORIA 14/11/21 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o prefeito paulista, Ricardo Nunes (MDB), concordaram em não convidar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outros representantes do governo federal para o GP de São Paulo de F1, que acontece neste domingo (14), em Interlagos.

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Doria ainda alfinetou Bolsonaro ao dizer, durante entrevista horas antes da prova, que somente pessoas vacinadas poderiam entrar no autódromo. A vacinação é uma das exigências a todos que estiverem no evento, de acordo com o protocolo da organização.

"Aqui no autódromo de Interlagos só podem entrar pessoas vacinadas e o presidente da República do Brasil, como sabem, não está vacinado. Logo, não pode ter acesso ao autódromo nem como convidado nem se tivesse comprado o seu ticket porque aqui só entram pessoas vacinadas", afirmou Doria.

O governador concedeu entrevista coletiva na manhã deste sábado, em Interlagos, ao lado de Nunes e também de Tomás, filho de Bruno Covas, prefeito morto em maio deste ano. O italiano Stefano Domenicali, atual diretor-executivo da F1, e o diretor da empresa promotora do evento MC Brazil, Alan Adler, sentaram à mesa.

Doria dedicou a realização do GP de São Paulo a Covas. Foi o então prefeito que, desde o final de 2018, designou uma força-tarefa, liderada pelo secretário municipal de Turismo, Orlando Faria, para renovar o contrato com a F1 pelos próximos dez anos, sob a justificativa de o evento ser um dos mais rentáveis para São Paulo -à frente, por exemplo, do Carnaval.

A empresa MC Brazil, que é contratada pela prefeitura para organização da prova, diz que, de forma protocolar, enviou o convite para Bolsonaro comparecer ao autódromo de Interlagos neste final de semana. Mas não houve retorno do governo federal.

Procurada pela Folha na sexta-feira (12), a assessoria do Ministério da Cidadania informou que o secretário especial de esporte, Marcelo Reis Magalhães, havia recebido o convite da empresa. Magalhães e André Barbosa Alves, secretário-adjunto da pasta, justificaram suas ausências por indisponibilidade na agenda.

Já o Palácio do Planalto não respondeu se haverá alguém da equipe presidencial em São Paulo.

Pré-candidato do PSDB à presidência no pleito de 2022, o governador João Doria ambiciona capitalizar a continuidade da F1 em Interlagos, agora batizado como GP de São Paulo, e com a grande presença de público nas arquibancadas em meio à pandemia de Covid-19.

Durante a semana, o tucano também não perdeu a chance de provocar Bolsonaro. "Temos mais dez anos de Grande Prêmio de São Paulo. Lá atrás eu disse que não perderíamos a F1, o Bruno Covas era vivo e estava sempre ao meu lado. Contrariei o presidente da República, e a F1 estará em São Paulo", afirmou Doria, na quarta (10).

A frase soa como um desabafo após as dificuldades dos paulistas em renovar o contrato com a F1. Interlagos recebe a principal categoria do automobilismo desde 1990, de forma ininterrupta -com exceção da edição de 2020, cancelada em razão da pandemia de Covid-19.

O Rio de Janeiro tinha interesse em sediar o GP Brasil e, desde 2019, contava com o empenho de Bolsonaro, que assinou termo de cooperação para levar o circuito para a capital fluminense. O presidente também se reuniu com Chase Carey, chefe da FOM (Formula One Management), braço comercial da F1. Domenicali, atualmente, é quem ocupa o cargo de Carey.

Com essa queda de braço, a FOM partiu para um leilão entre São Paulo e Rio.

A prefeitura, na época administrada por Bruno Covas, e o governo abriram os cofres públicos para garantir uma renovação com a FOM por cinco temporadas, de 2021 a 2025 com possibilidade de renovação por mais cinco.

Anualmente, a prefeitura pagará à FOM US$ 25 milhões (R$ 138 milhões). Desse montante, o governo estadual irá arcar com US$ 10 milhões (R$ 55 milhões).

Em contrapartida ao pagamento da taxa, a prefeitura de São Paulo ganhou espaço para publicidade na corrida e repassou quatro cotas à gestão Doria, no valor estimado de R$ 8 milhões cada uma.

De acordo com Vinicius Lummertz, secretário estadual de Turismo, São Paulo negociou três cotas, no total de R$ 18 milhões, para grupos empresariais.

Já a prefeitura deverá utilizar os espaços para campanhas institucionais.

Além da taxa à FOM, o órgão municipal gastou R$ 10 milhões com reparos no autódromo e pagou R$ 20 milhões à MC Brazil Motorsport Holding, que se compromete com a montagem da estrutura e organização do evento na capital paulista.

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