© Nacho Doce/Reuters
SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - O ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes (PDT) disse nesta semana que o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) não tem vivência para ser candidato à Presidência da República e demonstrou ser um magistrado "incompetente" por, segundo ele, "garantir a impunidade" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Em entrevista à CNN, Ciro questionou quais são as propostas do ex-juiz da Lava Jato e a compreensão que ele tem do "drama social brasileiro", citando o desemprego e inflação.
Moro se filiou ao Podemos na semana passada e, em entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, disse se sentir preparado para assumir a liderança do projeto de governo.
Em junho deste ano, o STF declarou que Moro foi parcial ao julgar Lula no processo do tríplex do Guarujá (SP). No dia 8 de março, o ministro Edson Fachin anulou todas as condenações de Lula sentenciadas por Moro na Justiça Federal do Paraná. Com a decisão, o petista voltou a ser elegível e apto a se candidatar a presidente em 2022. O caso foi levado ao plenário do STF, no dia 15 de abril, e a declaração de incompetência de Moro foi confirmada por 8 votos a 3.
Para o pedetista, Moro "garantiu a impunidade" de Lula e de pessoas que integraram seu governo "porque trocou os pés pelas mãos e, ao invés de ser um juiz severo e equilibrado, foi um politiqueiro que usou a magistratura para sua ambição desmedida".
Uma pesquisa eleitoral da Genial Investimentos e Quaest Consultoria divulgada na semana passada apontou que Lula lidera a disputa para as eleições de 2022, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Já Moro apareceu em terceiro lugar, empatado com Ciro.
PASTORE NA ECONOMIA
Durante a entrevista, Ciro também comentou o fato de o ex-presidente do BC (Banco Central) Affonso Celso Pastore ser o conselheiro de Moro sobre assuntos econômicos.
Apesar de ter elogiado o economista, classificando-o como uma "pessoa estimável e respeitável", Ciro lembrou que ele foi presidente do BC ainda durante a ditadura militar, no governo Figueiredo.
"É menos do mesmo, é uma coisa absolutamente chocante que uma pessoa que não entende nada traga um homem do banco, um homem do sistema financeiro. O Brasil precisa desesperadamente discutir uma mudança do modelo econômico", disse o pedetista, acrescentando ter uma equipe de "600 sábios" que o auxiliam sobre as diversas questões envolvendo o país.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada hoje, Pastore disse que não vai ser "posto Ipiranga" - uma referência ao apelido que Bolsonaro deu ao ministro da Economia, Paulo Guedes - de Moro. O economista, 83, afirmou que não está fazendo "o jogo de virar ministro", não negociou nenhum cargo e está oferecendo "uma cooperação espontânea de um cidadão que a vida inteira deu aula de economia e acumulou conhecimento".