Mulheres jornalistas recebem o dobro de ataques no Twitter, aponta estudo

Os jornalistas homens receberam 8% de mensagens hostis, as mulheres receberam 17% de tuítes com ataques

© Shutterstock

Tech Pesquisa 06/12/21 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As ofensas recebidas por mulheres jornalistas no Twitter são mais que o dobro das destinadas aos profissionais homens. Comunista, jornazista, ridícula, canalha, preta são alguns dos termos mais usados contra elas, na tentativa de agressores de deslegitimar o trabalho jornalístico.

PUB

A conclusão faz parte de um estudo de 200 perfis de jornalistas brasileiros na rede social que busca compreender os padrões de ataques a eles em ambientes digitais, com foco em questões de gênero e raça.

O trabalho foi feito pela Revista AzMina e pelo InternetLab, junto com Volt Lab e INCT.DD, com apoio do ICFJ (International Center for Journalists).

Foram identificados 7,1 mil tuítes com conteúdo ofensivo em 133 perfis de mulheres e 67 de homens jornalistas, a partir de uma amostra com mais de 8 mil posts publicados de 1º de maio até 27 de setembro deste ano.

A análise concluiu que as profissionais que atuam na cobertura política são mais expostas aos ataques nas redes sociais.

Enquanto os jornalistas homens receberam 8% de mensagens hostis, as mulheres receberam 17% de tuítes com ataques.

Características físicas, assim como a idade, relações de parentesco e histórico das profissionais são mencionados por agressores, que questionam ainda a capacidade de análise das profissionais.

As ofensas contra as mulheres também foram identificadas nos comentários enviados aos profissionais homens, que incluíam xingamentos direcionados a familiares do gênero feminino.

No ranking elaborado pelo estudo com os dez profissionais mais ofendidos, seis são mulheres.

A lista é liderada por Eliane Cantanhêde (O Estado de S. Paulo), seguida por Vera Magalhães (O Globo e Roda Viva).

As jornalistas Miriam Leitão (O Globo), Daniela Lima (CNN Brasil) e Mônica Bergamo (Folha de S.Paulo), aparecem em 4º, 5º e 6º lugar, respectivamente. A blogueira Cynara Menezes (Socialista Morena) foi a 9ª profissional mais ofendida.

Já no ranking só de jornalistas mulheres mais atacadas, além dos nomes acima, aparecem ainda Natuza Nery e Andreia Sadi, ambas da GloboNews, Mariliz Pereira Jorge (Folha de S.Paulo), Rachel Sherazade (Metrópoles) e a cineasta indígena Sandra Terena.

A jornalista Bárbara Libório, gerente de projetos da revista AzMina e uma das coordenadoras do estudo, afirma que, além de ofensas sobre um suposto posicionamento político, foi possível notar uma linha de ataques misóginos, focados na aparência das mulheres, em sua capacidade intelectual e em suas relações afetivas.

Também foi possível identificar ataques de cunho racista, com a palavra "preta" sendo usada de forma pejorativa pelos agressores.

"Assim como em todos os outros temas, quando vamos falar de gênero existe uma interseccionalidade, um recorte de raça. Vimos tuítes que tentavam desqualificar as mulheres negras, como se elas só estivessem no cargo onde estão porque são negras", diz.

Libório acrescenta que várias jornalistas também receberam ofensas por causa da idade.

Identificar os perfis responsáveis pelos ataques foi uma dificuldade relatada pelas profissionais mais atacadas.

"Elas falaram isso de sentir que são ataques orquestrados muitas vezes, mas tem aquela dúvida: quem vou processar? Para quem reclamar? porque muitas vezes eram perfis que não pareciam verdadeiros."

Embora os ataques sejam feitos por grupos de diferentes espectros políticos, quando o conteúdo ofensivo era publicado ou compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e outras figuras políticas, o ataque era ainda mais violento.

Aos autores do estudo o Twitter informou que tem políticas para remover conteúdos que violem as políticas da plataforma, assim como regras para endereçar tentativas de manipulação do debate na plataforma, seja via spam ou contas falsas.

A rede social também afirmou que faz uma revisão periódica de suas políticas para incluir categorias no que chama de linguagem desumanizante.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Luto Há 15 Horas

Morre o cantor Agnaldo Rayol, aos 86 anos

esporte Peru Há 18 Horas

Tragédia no Peru: relâmpago mata jogador e fere quatro durante jogo

mundo Loteria Há 18 Horas

Homem fica milionário depois de se esquecer do almoço em casa: "Surpreso"

fama Televisão Há 16 Horas

'Pensava que ia me aposentar lá', diz Cléber Machado sobre demissão da Globo

politica Tensão Há 18 Horas

Marçal manda Bolsonaro 'cuidar da vida' e diz que o 'pau vai quebrar' se críticas continuarem

lifestyle Alívio Há 18 Horas

Três chás que evitam gases e melhoram a digestão

tech WhatsApp Há 18 Horas

WhatsApp recebe novidade que vai mudar forma como usa o aplicativo

fama Saúde Há 17 Horas

James van der Beek, de 'Dawson's Creek', afirma estar com câncer colorretal

fama Luto Há 18 Horas

Morre o lendário produtor musical Quincy Jones, aos 91 anos

mundo Catástrofe Há 16 Horas

Sobe para 10 o número de mortos após erupção de vulcão na Indonésia