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A nota técnica do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) sobre os dados do Vigitel também expõe como a desigualdade socioeconômica é determinante para o surgimento de doenças crônicas. Em grupos menos escolarizados - e, consequentemente, de menor renda -, o risco de adquirir enfermidades, como hipertensão e diabete, chega a ser duas vezes maior do que entre aqueles que tiveram educação formal por mais tempo.
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É considerado pouco escolarizado o adulto que estudou por até oito anos. Na outra ponta, os mais escolarizados passaram mais de 12 anos nas salas de aula.
Um homem ou mulher do primeiro grupo, em 2020, tinha quase 50% de risco de ser diagnosticado com hipertensão arterial - os dados indicam 44,7% de prevalência neste segmento. Já no segundo conjunto, a possibilidade era de apenas 15,2%.
Sobre a diabete mellitus, a proporção foi de 15,2%, ante 4,4%. No quesito obesidade, eram 25,3% e 19,3%, respectivamente.
"Com a piora da pobreza e o aumento da desigualdade, a gente imagina que esse abismo entre os grupos socioeconômicos reflita ainda mais em saúde", afirma Beatriz Rache, autora do estudo. "O mais importante é continuar monitorando e tendo pressão política para realizar e divulgar esses estudos, e fazer com que os resultados cheguem onde é preciso em todos os níveis de formulação de políticas possíveis", acrescenta. "Em algum momento, os dados chegam ao sistema de saúde na forma de mais hipertensos e obesos."
O acesso a ensino também está ligado a hábitos mais saudáveis. O sedentarismo é relatado só por 12,5% dos mais escolarizados, em comparação a 20,9% entre aqueles de menos estudo. O mesmo no tabagismo: 5,5% ante 7,9%. Já o consumo abusivo de álcool é maior entre escolarizados (23,8%) e 15% para a outra faixa.
Respostas
Beatriz enfatiza a importância do estudo em dois aspectos: a capacidade de aferir a prevalência de doenças e munir agentes públicos com subsídios para oferecer respostas na rede de saúde e na tradução dos dados para o público não especializado.
O IEPS explica que a nota técnica foi feita para preencher a lacuna causada pelo apagão de dados do governo após ataque hacker, que atrasou a publicação do estudo de 2020 e tem afetado o levantamento com as informações referentes a 2021. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.