Queiroga erra e diz que 4.000 morreram por vacina

A Covid matou mais de 620 mil no Brasil desde o começo da pandemia

© Getty Images

Brasil MARCELO-QUEIROGA 18/01/22 POR Folhapress

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta segunda-feira (17) que há 4.000 óbitos comprovadamente relacionados à vacinação contra a Covid-19, dado errado e que se choca com informações oficiais da própria pasta.

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Em boletim epidemiológico publicado em outubro de 2021, com dados compilados até aquele mês, a Saúde apontava uma morte "tendo como relação causal com as vacinas".

Questionado pela reportagem, o ministro repetiu o erro e disse que há 3.935 óbitos. Mais tarde, cobrado novamente sobre o dado, reconheceu que a informação estava errada disse que são casos em investigação.

O ministro não quis compartilhar o dado mais atual consolidado do Ministério da Saúde sobre investigação de reações adversas das vacinas da Covid.Procurada, a assessoria da Saúde não se manifestou.

A reportagem apurou que o Ministério da Saúde considera que cerca de 10 mortes no Brasil estão associadas à vacinação, num universo de 325,71 milhões de vacinas aplicadas. Receberam pelo menos a primeira dose 159 milhões de pessoas, segundo dados oficiais do governo federal.

A Covid matou mais de 620 mil no Brasil desde o começo da pandemia.

Queiroga citou o dado errado em programa da Jovem Pan, quando questionado por uma comentarista da emissora sobre o sofrimento de "inúmeras famílias vítimas dos efeitos adversos das vacinas". Os entrevistadores fizeram perguntas a Queiroga em tom favorável ao governo Jair Bolsonaro (PL) e com dados distorcidos sobre a crise sanitária.

"Temos na Secretaria de Vigilância em Saúde registrado 1,7 óbito por cada 100 mil doses aplicadas. Isso perfaz cerca 4.000 óbitos onde há comprovação de relação causal com a aplicação da vacina", disse o ministro.

"Sempre que se adota estratégia dessa, de vacinação em massa, tem de se pesar riscos e benefícios", disse o ministro, que ainda citou que no auge da pandemia cerca de 4 mil morreram por dia.

O ministro da Saúde também disse à Jovem Pan que são "absolutamente não procedentes" as especulações de que deixará o governo para se candidatar em 2022. "Meu compromisso com o presidente Bolsonaro é no enfrentamento da pandemia da Covid-19", afirmou.

A fala errada de Queiroga sobre as mortes relacionadas à vacinação alimentou discursos antivacina nas redes sociais. Até as 22h20 desta segunda ele não informou nas redes sociais ou por canais oficiais da Saúde que o dado está errado.

À Jovem Pan, o ministro ainda afirmou que a pandemia está sob controle e que a variante ômicron ainda não pressiona o sistema de saúde como em momentos anteriores.

Queiroga tem feito agrados a Bolsonaro, um vetor de desinformação sobre as vacinas, para se agarrar ao cargo no governo.

O ministro assumiu a pasta em março, defendendo uso de máscaras e de outras medidas de combate à Covid, mas modulou o discurso. No fim de 2021 participou de eventos no Palácio do Planalto sem o equipamento de proteção.

Ainda tem repetido falas do mandatário. "Essa questão da vacinação tem dado certo porque respeitamos as liberdades individuais. O presidente falou há pouco: às vezes é melhor perder a vida do que perder a liberdade", disse o ministro em dezembro.

No último dia 14, Queiroga acusou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de "fazer palanque" com o início da vacinação infantil contra Covid-19 no país.

O governador, que é pré-candidato ao Palácio do Planalto, esteve ao lado do menino indígena Davi Seremramiwe Xavante, 8, a primeira criança vacinada contra o coronavírus no Brasil.

"O político João Doria subestima a população. Está com as vacinas do governo do Brasil e do povo brasileiro em mãos fazendo palanque. Acha que isso vai tirá-lo dos 3% [de intenção de voto]. Desista! Seu marketing não vai mudar a face da sua gestão. Os paulistas merecem alguém melhor", escreveu Queiroga no Twitter.

Bolsonaro se opõe à vacinação de crianças. Além de questionar a eficácia de vacinas, ele garante que sua filha menor de idade não se imunizará.

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