Um ano após colapso, Amazonas bate recorde de casos de Covid em 24 h

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), disse que levará cerca de duas semanas para que a curva de infecção possa cair na capital.

© Getty Images

Brasil CORONAVÍRUS-AM 21/01/22 POR Folhapress

MANAUS, AM (FOLHAPRESS) - Um ano após ver seu sistema de saúde colapsar, o Amazonas bateu nesta quarta-feira (19) o recorde de infectados por Covid-19 em 24 horas.

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A FVS (Fundação de Vigilância Sanitária), ligada ao governo estadual, informou que foram diagnosticados 7.505 novos casos da doença. O estado registra aceleração da infecção, com tendência de aumento desde a semana passada.

O recorde anterior ocorreu em 20 de janeiro de 2021: 5.009 casos. Na época, o estado enfrentava um cenário de hospitais com falta de oxigênio e recordes de mortes.

O aumento exponencial de infectados não tem provocado mortes na mesma proporção das duas ondas anteriores da doença no Amazonas.

Foram registradas 40 mortes por Covid-19 nos últimos 30 dias. Três pessoas haviam tomado as três doses da vacina contra doença. Metade das vítimas não havia recebido nenhuma dose, e as demais estavam com esquema vacinal incompleto.

Nesta mesma semana, no ano passado, Manaus teve uma média diária de enterros de 180 sepultamentos, acima da média diária considerada normal (33). Nesta quarta, houve três enterros de vítimas de Covid-19.

Ainda assim, o cenário é visto com preocupação pelas autoridades. O número de internados em leitos clínicos e de UTI vem aumentando e já representa uma ocupação 100% maior que a anterior à explosão de infecção no estado, segundo o secretário estadual de Saúde, Anoar Samad.

"Apesar dessa alta transmissibilidade, a ômicron não parece provocar tantos quadros graves, comparado à variante gama que nos atacou em janeiro do ano passado. O número de internações e óbitos deixa isso bem claro", disse o secretário.

A FVS confirmou nesta quarta que a ômicron é predominante e responsável por 93% dos casos de Covid-19 no estado, em estágio de transmissão comunitária. O primeiro caso da variante no Amazonas foi registrado oficialmente em 4 de janeiro.

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), disse que levará cerca de duas semanas para que a curva de infecção possa cair na capital. Ainda afirmou que a vacinação e a ampliação da atenção básica na cidade têm feito a diferença nesta nova explosão de casos.

Aliado do presidente Bolsonaro, Almeida faz apelos para que a população se vacine e costuma repetir que, em matéria de saúde, as pessoas devem ouvir seus médicos, e não suas preferências políticas e nem líderes religiosos.

No ano passado, na véspera de assumir a prefeitura, David prometeu distribuir kit Covid para a população com medicação sem comprovação científica.

TESTES EM MASSA

Governo do estado e Prefeitura de Manaus inauguraram nesta quarta um novo centro de testagem em massa no Centro de Convenções Vasco Vasques com capacidade de 200 testes por hora. Segundo governo e prefeitura, no local, há 14 médicos e dois pontos de distribuição de medicamentos.

Ao todo, 2.554 pessoas foram submetidas a testes de Covid-19 e 1.430 delas receberam resultado positivo para o coronavírus, o equivalente a 56% do total.

Um outro centro funciona há duas semanas na zona sul da cidade com capacidade semelhante. Juntos, fizeram mais de sete mil testes.

Nos dois locais, nesta quarta, as filas davam voltas e quem procurou teste reclamou da demora. Os exames também são oferecidos em outras 34 UBS e em unidades de pronto-atendimento do estado, que estão lotadas desde a semana passada.

David Almeida afirmou que o estoque de testes termina em seis dias, mas que recebeu promessas dos fornecedores de que 200 mil serão entregues até esta sexta (21).

Em entrevista à imprensa, o governador do Amazonas, Wilson Lima, afirmou que a falta de testes no mercado é uma preocupação para os próximos dias.

Outra preocupação, segundo o prefeito, é a grande quantidade de funcionários da saúde infectados e afastados, o que tem representado uma sobrecarga nas unidades municipais. Segundo Almeida, nesta quarta, 1.505 funcionários estavam fora da linha de frente por terem Covid-19 ou gripe: "Nosso maior problema neste momento é pessoal".

Ele disse que a prefeitura está fazendo processos seletivos para cobrir o déficit. Na última terça (18), o Sindicato de Técnicos de Enfermagem e Enfermeiro do Amazonas estimou que nas redes municipal e estadual ao menos 2.000 funcionários estavam doentes e afastados.

A maioria dos testes positivos das últimas 24 horas foi de pessoas do interior do Amazonas. De acordo com a FVS, apenas 16% dos municípios do interior do estado têm cobertura vacinal acima de 80% da população acima de 12.

Wilson Lima disse que emitiu alerta aos municípios sobre a baixa cobertura vacinal e que organiza força-tarefa para auxiliá-los com a estrutura necessária para estimular a vacinação.

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