Santos Dumont será leiloado em conjunto com Galeão, diz ministro

A ideia é que os dois aeroportos tenham o mesmo operador

© Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

Economia AEROPORTOS-RIO 11/02/22 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - O processo de concessão do aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio, teve nova reviravolta nesta quinta (10). O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, anunciou o adiamento do leilão do terminal, previsto agora para ser realizado em 2023, em conjunto com o aeroporto internacional Tom Jobim, o Galeão, também localizado na capital fluminense.

PUB

A ideia é que os dois aeroportos tenham o mesmo operador.

A decisão veio após a concessionária RIOGaleão anunciar que apresentou ao governo federal um pedido de devolução do aeroporto localizado na Ilha do Governador.

A empresa justificou a medida citando os impactos da crise econômica e da Covid-19 sobre o setor de aviação. O Galeão vinha apresentando mais dificuldades do que o Santos Dumont para retomar as operações.

"A partir do momento em que o Galeão está sendo devolvido, já não faz mais sentido caminhar com a estruturação do Santos Dumont de forma isolada. Nós vamos estudar os dois aeroportos conjuntamente", disse o ministro durante a entrevista coletiva.

"Vamos fazer uma licitação nova, uma 8ª rodada. Teremos um mesmo operador de Galeão e de Santos Dumont", afirmou Tarcísio.

Segundo o ministro, a concessão conjunta dos dois aeroportos atenderia a uma preocupação dos setores produtivos e do governo estadual. "Agora, vamos qualificar o aeroporto do Galeão para relicitação no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos)", afirmou.

Até a realização da relicitação, a RIOGaleão assinará um termo aditivo com o governo para assegurar a continuidade da operação, seguindo requisitos de qualidade e prestação de serviços.

Segundo Tarcísio, há um prazo de dois anos para a transição. Nesse período, o governo e a concessionária farão os acertos finais para o encerramento do contrato, o que inclui eventuais indenizações por investimentos realizados pela operadora que ainda não tenham sido amortizados.

O secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, afirmou que a devolução do terminal não deve ser interpretada como falta de interesse do setor privado em investimentos no Brasil. "Havia um contrato de difícil execução, com outorga elevada [a ser paga] por parte da concessionária", disse.

O Galeão foi concedido para a iniciativa privada em 2013, com um lance de R$ 19 bilhões de um consórcio que incluiu a Odebrecht, hoje Novonor. O valor foi quase quatro vezes maior do que o definido no edital. O prazo do contrato iria até 2039.

A RIOGaleão já vinha enfrentando dificuldades em sustentar a operação e repactuou o pagamento da outorga em 2017. Ainda assim, a previsão era que os repasses ao governo somassem ao redor de R$ 1,1 bilhão em 2023, de R$ 1,2 bilhão ao ano de 2024 a 2028 e de R$ 1,7 bilhão ao ano de 2029 até o fim da concessão.

Para o ministro da Infraestrutura, este é o "último caso aeroportuário crítico" a ser solucionado, após a devolução dos terminais de Viracopos (SP) e São Gonçalo do Amarante (RN).Atualmente, a RIOgaleão é controlada pela Changi Airports, de Singapura, que tem 51%, enquanto a Infraero tem 49% restantes. A concessionária afirmou que vai continuar operando o terminal até que um novo operador seja definido em leilão pelo governo federal.

O Santos Dumont era considerado uma das joias da coroa da sétima rodada de concessões aeroportuárias, ao lado do aeroporto de Congonhas. A rodada está prevista para o primeiro semestre deste ano. Com a mudança, o processo do Santos Dumont foi adiado para 2023.

Nos últimos meses, o modelo de concessão do aeroporto, hoje administrado pela Infraero, gerou troca de farpas entre autoridades fluminenses e o governo federal.

O governo estadual do Rio de Janeiro e a prefeitura carioca são favoráveis à concessão do Santos Dumont, mas vinham contestando o modelo de repasse à iniciativa privada.

Para líderes locais, um grande aumento na oferta de voos no terminal, após o leilão, poderia gerar uma competição predatória com o Galeão. A avaliação local era de que seria necessário algum nível de restrições à ampliação do fluxo no Santos Dumont. Essa sugestão vinha sendo contestada pelo governo federal.

O Ministério da Infraestrutura e representantes do Rio vinham discutindo a concessão do Santos Dumont, cujo leilão estava previsto para o primeiro semestre deste ano, em um grupo de trabalho. Os encontros do grupo iriam até meados deste mês.

Nesta quinta, Tarcísio anunciou que a nova licitação será feita "do zero". Segundo ele, como os dois aeroportos estarão em um mesmo bloco, a preocupação com uma eventual competição predatória "não faz mais sentido".

"Como os dois aeroportos vão estar em um mesmo bloco, essa preocupação [com eventual competição predatória entre Galeão e Santos Dumont] não faz mais sentido", disse o ministro.

Nas redes sociais, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), comentou que o estado tem condições de buscar uma "relicitação alinhada" para o Galeão com o Santos Dumont.

"Com a decisão da concessionária do Galeão de entregar o aeroporto, o RJ e o Brasil têm uma enorme oportunidade para fazer a relicitação alinhada com a concessão do Santos Dumont. Vamos trabalhar para valorizar os dois aeroportos e construir o melhor resultado para o estado", escreveu Castro.

Na prefeitura, a nova licitação do Galeão encontra ressalvas. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio, Chicão Bulhões, avalia que a saída da atual concessionária pode prejudicar a credibilidade de novas concessões do governo federal.

Apesar disso, ele diz que a possibilidade do leilão em conjunto com o Santos Dumont é vista com bons olhos.

"Já que a situação está posta, a gente quer o máximo de urgência para que seja feita a nova concessão. O Rio de Janeiro não pode esperar, não pode ficar em um limbo, esperando investimentos em seu aeroporto internacional", afirmou o secretário.

Menos de 20 quilômetros separam o Santos Dumont do Galeão. Políticos e empresários fluminenses avaliam que o Santos Dumont tem potencial para atrair voos domésticos, mas sofre com limitações geográficas no centro do Rio.

O Galeão está localizado na Ilha do Governador, distante dos demais bairros da região metropolitana cuja ligação viária é a Linha Vermelha, local frequente de trânsito e tiroteios. O terminal foi planejado para receber aeronaves de grande porte e exerce papel relevante na logística de cargas no estado.

Em outubro de 2021, a asiática Changi, controladora do do Galeão, afirmou que pretendia "fortalecer a estrutura acionária" do empreendimento e negou a intenção de se desfazer completamente do terminal.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

esporte Peru Há 8 Horas

Tragédia no Peru: relâmpago mata jogador e fere quatro durante jogo

mundo Loteria Há 8 Horas

Homem fica milionário depois de se esquecer do almoço em casa: "Surpreso"

politica Tensão Há 9 Horas

Marçal manda Bolsonaro 'cuidar da vida' e diz que o 'pau vai quebrar' se críticas continuarem

fama Televisão Há 7 Horas

'Pensava que ia me aposentar lá', diz Cléber Machado sobre demissão da Globo

fama Luto Há 6 Horas

Morre o cantor Agnaldo Rayol, aos 86 anos

lifestyle Alívio Há 9 Horas

Três chás que evitam gases e melhoram a digestão

tech WhatsApp Há 9 Horas

WhatsApp recebe novidade que vai mudar forma como usa o aplicativo

fama Fake news 03/11/24

Eles foram dados como mortos, mas estavam (e estão) vivinhos da Silva!

fama Rejeitados Há 16 Horas

Rejeitados! Famosos que levaram foras de outros famosos

fama Berço de ouro Há 20 Horas

Ricos: Eles já eram cheios da grana antes da fama