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O PIB do Brasil pode encolher mais de 7% em 2015 e 2016, segundo economistas. Contudo, o quadro pode ser ainda pior. Para o público doméstico, a "sensação térmica" desse congelamento do país é ainda mais grave, já que assiste ao desmoronamento do consumo e do investimento. Se o PIB cai, a queda é ainda mais acentuada nos segmentos que dependem do mercado interno e do emprego: o consumo das famílias e do governo e os investimentos.
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De acordo com dados do Itaú Unibanco, o PIB, ou a temperatura oficial medida pelo IBGE, deve cair quase 4% neste ano. A sensação térmica será pior: queda de 5,3%, prevê o economista-chefe do banco, Ilan Goldfajn. "Quem está olhando para o mercado doméstico verá uma queda maior do que a do PIB", diz.
Segundo reportagem da "Folha de S. Paulo", desde 2003 não se via nada parecido. Até então –e mesmo no auge da crise dos EUA, em 2009–, o PIB podia até sofrer, mas a demanda doméstica seguia robusta. Em 2009, enquanto o PIB encolheu 0,1%, o consumo e os investimentos internos, somados, cresceram quase 3%. "Muitos chamaram de 'marolinha' a crise de 2009, e para muita gente foi isso mesmo", diz a economista Silvia Matos, do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV.
A economista se refere à expressão criada pelo ex-presidente Lula para falar da crise econômica de então. Isso só foi possível devido ao aumento do consumo ao longo da década, amparado na ampliação do crédito e no bom desempenho do mercado de trabalho.
Contudo, desde o ano passado o desemprego voltou a aumentar, situação que deve piorar neste ano. De acordo com Silvia, a taxa de desemprego medido pela Pnad Contínua deve ter fechado 2015 ao redor de 9%. Subirá para 12% neste ano, segundo suas previsões. "Tudo conspira para a queda do consumo das famílias", disse.
Silvia estima que 2016 deverá ser o pior ano para o emprego na atual crise econômica, que nos cálculos de Goldfajn deve bater no fundo do poço no primeiro trimestre deste ano. O Itaú, no entanto, prevê piora adicional do desemprego em 2017. "Não temos certeza de que a economia vá parar de cair, mas esperamos uma relativa estabilidade a partir do segundo semestre", diise.
No ano passado, a queda nas vendas do varejo , divulgada nesta terça (16) pelo IBGE, comprova que o consumo de fato se deprimiu. Já no setor de serviços, diz Silvia, a queda começou a ser sentida em meados de 2015. "As pessoas começaram a apertar as compras de bens duráveis [como geladeira, carro] em 2014, a última etapa do corte foram os serviços. Não é fácil mudar a escola do filho, por exemplo", explicou.
Segundo a economista, o cenário pior é que esse recuo do consumo seja acompanhado de uma queda também acentuada dos investimentos, o que reduz a capacidade de crescer do Brasil no futuro. "O ajuste do consumo é dolorido, mas é como regime, fecha-se a boca por um tempo. O problema são os investimentos, que reduzem o potencial da economia. E é o terceiro ano seguido de queda", concluiu.