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MARIANNA HOLANDABRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu nesta sexta-feira (18) que foi alvo de críticas por sua viagem à Rússia e disse que a missão "não foi para tomar partido de ninguém". A viagem do chefe do Executivo ocorreu em meio à escalada de tensões entre Rússia e Ucrânia. Ele esteve com Vladimir Putin na última quarta (16).
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"Até falei que o mundo é nossa casa e que Deus está acima de todos. Falei uma mensagem de paz. Não foi para tomar partido de ninguém", disse o presidente, durante sua transmissão semanal.
"Alguns levaram para um lado, 'não devia fazer isso, não devia fazer aquilo'. Teve bastantes críticas." Ele repetiu o que já havia dito nesta semana, de que guerra não interessa ninguém.
O presidente também reafirmou que não tratou sobre o conflito com Putin. Bolsonaro não citou diretamente a reação negativa dos Estados Unidos à sua fala de que é "solidário à Rússia" –sem especificar a que aspecto se manifestava.
Na tarde desta sexta, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, fez críticas à fala de Bolsonaro sobre solidariedade. "Eu diria que a vasta maioria da comunidade global está unida em sua visão de que outro país tomando parte de sua terra, aterrorizando seu povo, é certamente algo não alinhado aos valores globais. E então, penso que o Brasil pode estar do outro lado em que a maioria da comunidade global está."
As falas da porta-voz se somam a críticas feitas na quinta (17) pelo Departamento de Estado. "O momento em que o presidente do Brasil expressou solidariedade com a Rússia, justo quando as forças russas estão se preparando para lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ser pior", disse um porta-voz da pasta, em nota enviada a jornalistas.
"Isso mina a diplomacia internacional direcionada a evitar um desastre estratégico e humanitário, bem como os próprios apelos do Brasil por uma solução pacífica para a crise."
Em Brasília, diplomatas brasileiros admitem que o termo "solidariedade" usado por Bolsonaro foi ruim, mas veem exagero na resposta americana. Reservadamente, eles dizem que o presidente escolheu mal as palavras, em uma fala de improviso que não deveria ser levada ao pé da letra.
Um interlocutor no Itamaraty afirmou que a expressão não corresponde aos fatos. É sabido, na comunidade internacional, que o país se alinha ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e tem postura de não tomar lados em conflitos como esse.