Bolsonaro usa falta de fertilizantes para defender mineração em terras indígenas

"Com a guerra Rússia/Ucrânia, hoje corremos o risco da falta do potássio ou aumento do seu preço"

© Getty

Economia Governo 02/03/22 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizou nesta quarta-feira (2) a possível escassez de fertilizantes causada pela guerra na Ucrânia para defender a mineração em terras indígenas.

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"Em 2016, como deputado, discursei sobre nossa dependência do potássio da Rússia. Citei três problemas: ambiental, indígena e a quem pertencia o direito exploratório na foz do Rio Madeira (existem jazidas também em outras regiões do país)", escreveu Bolsonaro no Twitter.

"Nosso Projeto de Lei n° 191 de 2020, 'permite a exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos em terras indígenas'. Uma vez aprovado, resolve-se um desses problemas", disse o presidente.

"Com a guerra Rússia/Ucrânia, hoje corremos o risco da falta do potássio ou aumento do seu preço. Nossa segurança alimentar e agronegócio (economia) exigem de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância"

Com a eclosão do conflito no Leste da Europa, entrou no radar do governo Bolsonaro a preocupação com a possível falta de fertilizantes -também os nitrogenados e fosfatados.

A Rússia é um importante exportador desses produtos. Em 2021, 62% do total importado pelo Brasil da Rússia foram adubos ou fertilizantes químicos (no equivalente a US$ 3,5 bilhões).

Há dois focos de preocupação no Planalto: a interrupção do fluxo de navios cargueiros saindo dos portos russos e os impactos das sanções do Ocidente contra Moscou.

Com parte das punições focando no sistema bancário russo, o governo receia que importadores brasileiros tenham dificuldade de processar pagamentos.

A tendência é que a busca por fornecedores e rotas alternativas para a aquisição de fertilizantes encareça esses produtos, com impactos diretos sobre a inflação.

Apesar da fala de Bolsonaro, especialistas no setor apontam problemas na proposta do presidente. Eles dizem que, embora a possível incidência de potássio na Amazônia esteja registrada há décadas, ele se encontra em condições de difícil extração.

A atividade de extração na Amazônia representaria danos ambientais de grande impacto.

Além do mais, a viabilização desse tipo de empreendimento demandaria, durante anos, grandes investimentos na parte de extração e de logística, o que provavelmente tornaria o potássio obtido na região mais caro do que o de competidores internacionais.

Hoje, além da Rússia, o insumo é exportado por países como Canadá, Alemanha e Israel.

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