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IGOR GIELOWSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dos integrantes do time negociador ucraniano que tem se encontrado com representantes russos na Belarus, Denis Kireiev, foi morto no sábado (5) em Kiev.
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Segundo o governo, ele e outros três membros do serviço de inteligência "foram mortos enquanto executavam uma missão especial", sem nenhum detalhe. Para um deputado ucraniano, Alexander Dubinski, a história é outra: ele morreu ao ser preso sob acusação de traição pelo governo.
Por óbvio, a verdade é insondável neste momento, mas mostra o grau de desconfiança e paranoia que toma uma Kiev que se prepara dia a dia para um ataque maciço russo na esteira de sua invasão iniciada no dia 24 de fevereiro.
Segundo os relatos de jornalistas ainda na capital, toda pessoa na rua é tratada como suspeita de sabotagem ou colaboração com os invasores. Circulam rumores de pessoas baleadas indiscriminadamente, o que não é possível aferir.
Forças de Vladimir Putin se concentram em torno da capital, buscando fechar um círculo pelo noroeste e pelo nordeste. Bombardeios têm ocorrido em pontos em torno da cidade, e a famosa coluna de blindados de 64 km de comprimento segue estacionada a 25 km de sua periferia.
Kireiev não era um rosto conhecido, não tendo sido identificado nas fotografias das duas rodadas de conversas entre russos e ucranianos que aconteceram na semana passada na Belarus. Até aqui, elas serviram para Moscou reafirmar seus termos de rendição para Kiev, e para a Ucrânia dizer que não os aceita.
Em resumo, o governo de Vladimir Putin quer que o de Volodimir Zelenski pare de resistir à invasão, aceite se desarmar em alguma medida e se comprometa a não aderir à Otan (aliança militar ocidental) e outras estruturas da Europa. Ao menos é o que o presidente russo tem falado, e reafirmou neste domingo (6) em uma conversa com o seu contraparte turco, Recep Tayyip Erdogan.
Inicialmente, pelo desenho da invasão, Putin parecia disposto a derrubar Zelenski. A resistência ucraniana ante uma força não decisiva do Kremlin parece ter mudado esse cálculo, trocando pela capitulação. Mas não é, claro, possível saber exatamente a meta do russo.
Houve avanços tímidos nas conversas, contudo. A tentativa até aqui frustrada de estabelecer corredores humanitários para retirar civis de cidades sob cerco russo saiu da segunda reunião, na quinta (3). Ambos os lados se acusam de ataques durante a evacuação, um problema clássico nesse tipo de operação.
Uma nova rodada de conversas ocorrerá nesta segunda (7). Enquanto a movimentação diplomática se arrasta, os russos avançam lentamente. Neste domingo, a invasão de Odessa começou a se configurar. Principal porto ucraniano no mar Negro, a cidade está no alvo de forças de Putin a leste, e um aeroporto que poderia servir de base de apoio aéreo a ela foi destruído.
Se dominada Odessa, Putin terá estabelecido o controle sobre quase toda a costa do mar Negro, fechando o acesso ucraniano a ele. Se terá como manter tal domínio com um eventual cessar-fogo, esta é outra questão.